Uma das grandes revelações da prosa contemporânea brasileira, Miguel Del Castillo combina memória, política e histórias familiares em um surpreendente livro de estreia.
Uma das grandes revelações da prosa contemporânea brasileira, Miguel Del Castillo combina memória, política e histórias familiares em um surpreendente livro de estreia.
Miguel Angel combateu a ditadura uruguaia ao lado dos tupamaros. Como muitos jovens militantes de sua época, ele desapareceu sem deixar vestígios. As repercussões desse episódio se farão sentir por anos a fio, conforme parte da família migra para outros cantos de uma América Latina tomada por governos militares e caudilhos. Neste que é um dos mais belos contos recentes da língua portuguesa, Miguel Del Castillo combina memória e política para investigar os efeitos das grandes tragédias coletivas nas vidas particulares. É um testamento afetivo que reforça o poder da literatura no contínuo embate com a história. Não à toa, "Violeta" rendeu ao autor um lugar entre os vinte melhores jovens escritores brasileiros, na seleção da revista Granta. Neste volume de contos, o leitor verá que "Violeta" não é um acidente de percurso: aqui ele aparece dentro de um projeto literário forte e novo, em histórias que alternam entre a delicadeza, a solidão e as relações de amor e amizade. É a filha que cuida da mãe doente, cujo sonho é conhecer a restinga de Marambaia, no Rio, numa visita que iluminará o passado familiar e abrirá caminhos para o futuro. Ou da mulher que toma um cruzeiro no Atlântico - "que celebra o incrível fato de estarmos aqui juntos, sobre o mar" - e passa a rever sua vida pregressa sob um novo e inusitado prisma. Ou ainda do garoto que visita o pai em Cancun, uma viagem cheia de mistérios e incompreensões, o mundo adulto visto pelas frestas de uma infância incomum. Ao fim do livro, a novela "Laguna" amplia e aprofunda os temas do autor, numa vertiginosa narrativa sobre a paixão, as viagens, os laços que nos unem e a fragilidade das nossas amarras.