Neste segundo romance, Maria Clara Drummond lança um olhar ao mesmo tempo ácido e compassivo sobre a nova elite jovem brasileira.
Neste segundo romance, Maria Clara Drummond lança um olhar ao mesmo tempo ácido e compassivo sobre a nova elite jovem brasileira.
Os dilemas de Eva podem parecer com os de qualquer garota da elite brasileira. Ela se submete aos mesmos sacrifícios e pressões sociais. Se preocupa com o cabelo, constantemente armado, a ponto de só entrar na água até a cintura. Seus amigos são inteligentes e bem-sucedidos, uma profusão de cineastas, empresários, galeristas e gente da moda. Para quem vê de fora, sua vida se dá entre o restaurante estrelado e festas com DJ francês regadas a MD. No entanto, tudo que é óbvio e pedestre sobre Eva será habilmente desconstruído pela autora Maria Clara Drummond. Como o ator consciente da farsa encenada no palco, a protagonista colocará em evidência o papel de cada uma das engrenagens sociais: desde o pai da amiga, que figura nas capas de revista num escândalo de empreiteiras, até os amigos que se conhecem porque as mães têm um blog de moda. Assim, o que seria uma história de amor comum - uma garota dividida entre dois pretendentes - torna-se o mote de uma trama ágil e imprevisível, menos interessada em desmanches sentimentais do que em explorar literariamente os abismos do ego, da vaidade e da solidão. A energia impressa nestas páginas vem de uma ânsia em compreender e dar sentido a algo que é tão fugidio e voraz quanto o lugar ocupado por estes personagens: a vida como uma sucessão de instantâneos, a tentativa de aprisionar cada momento em algo único e original. Um olhar menos compassivo poderia encontrar apenas superficialidade, mas o que se revela aqui é um retrato íntimo e sincero de uma geração. Narrado em ritmo cinematográfico e sem concessões a clichês de histórias de amor, A realidade devia ser proibida guarda um vislumbre de uma época tão difícil de definir.