Uma autobiografia, um diário de viagem ao redor de autores e obras, um romance e um tratado. Lançado em 1977, este Manual prenuncia os temas e o vigor que fariam de Saramago um dos mais importantes autores da língua portuguesa.
Uma autobiografia, um diário de viagem ao redor de autores e obras, um romance e um tratado. Lançado em 1977, este Manual prenuncia os temas e o vigor que fariam de Saramago um dos mais importantes autores da língua portuguesa.
Manual de pintura e caligrafia é de 1977, anterior, portanto, a obras como Levantado do chão, Memorial do convento, O ano da morte de Ricardo Reis e outras que foram afirmando José Saramago como um dos mais conhecidos escritores da ficção portuguesa contemporânea. O Manual é um romance, embora, como o nome diz, seja também um tratado, no sentido da pedagogia medieval, no bom sentido das obras de Rousseau e no melhor sentido do fingimento pessoano, este de que se faz a arte de imitar o mundo pela pintura, a pintura pela linguagem, a linguagem pelo mundo..."Observo-me a escrever como nunca me observei a pintar, e descubro o que há de fascinante neste ato: na pintura, vem sempre o momento em que o quadro não suporta nem mais uma pincelada (mau ou bom, ela irá torná-lo pior), ao passo que estas linhas podem prolongar-se infinitamente, alinhando parcelas de uma soma que nunca será começada, mas que é, nesse alinhamento, já trabalho perfeito, já obra definitiva porque conhecida. É sobretudo a idéia do prolongamento infinito que me fascina. Poderei escrever sempre, até o final da vida, ao passo que os quadros, fechados em si mesmos, repelem, são eles próprios isolados na sua pele, autoritários, e, também eles, insolentes."