Publicado pela primeira vez em 1975, um ano depois da Revolução dos Cravos, que libertou Portugal e suas ex-colônias da ditadura salazarista, este livro sui generis manifesta as inquietações do autor quanto ao destino do homem contemporâneo.
Publicado pela primeira vez em 1975, um ano depois da Revolução dos Cravos, que libertou Portugal e suas ex-colônias da ditadura salazarista, este livro sui generis manifesta as inquietações do autor quanto ao destino do homem contemporâneo.
Em O ano de 1993 o leitor encontrará um José Saramago diferente, mas não menos brilhante. Em lugar do estilo caudaloso de seus romances mais conhecidos, Saramago lança mão aqui de uma escrita sintética, feita de elipses e sugestões, no limiar entre a prosa narrativa e a poesia.
Num mundo não nomeado, em que as cidades foram destruídas, ocupadas por lobos ferozes ou dominadas por obscuras forças invasoras, personagens anônimos se deslocam em hordas pelos campos, montanhas e desertos. Embora a ação se passe no ano de 1993 (que à época da escrita do livro estava no futuro), eles parecem atravessar eras da história humana, da pré-história aos nossos dias. Nesse estranho cenário, os homens desaprendem e reaprendem a dominar o fogo, esquecem e recuperam o sentido do amor, e animais biônicos são desenvolvidos para fins de perseguição e opressão política.
Imaginação solta e escrita rigorosa fazem o encanto desta parábola singular. Embora não seja escrito propriamente em versos, mas em períodos breves, com extrema liberdade de sintaxe e pontuação, O ano de 1993 é normalmente classificado como o terceiro e último livro de poesia do autor. Pode ser visto como o momento de passagem para a prosa narrativa que, nas décadas seguintes, encantaria os leitores de todo o planeta.