Na Alemanha do século XVI, católicos e protestantes entram em conflito religioso, ilustrando mais um trágico capítulo da história da intolerância humana. Peça teatral que guarda a virulência descritiva e o vigor estilístico dos romances do autor.
Na Alemanha do século XVI, católicos e protestantes entram em conflito religioso, ilustrando mais um trágico capítulo da história da intolerância humana. Peça teatral que guarda a virulência descritiva e o vigor estilístico dos romances do autor.
Essa peça conta o fracasso de uma rebelião protestante na Alemanha do século XVI. Há, de início, nobreza e sede de justiça nas atitudes dos personagens. Mas logo se desvenda a brutalidade, a falta de sentido do que fazem. A fé vitima os mais simples, a credulidade dilacera os homens, a esperança mata e a utopia igualitária serve de pretexto para a dominação.Quem admira as riquezas do estilo de José Saramago, sua encantada lucidez, sua violência descritiva, talvez imagine que, numa peça de teatro, algo disso se perca. As falas dos personagens exigem mais concisão; e como esperar opulências de linguagem quando os fatos e os conflitos, brutais, precipitam-se no palco?In Nomine Dei, peça de Saramago, responde magistralmente à dúvida. Seus leitores encontram, aqui, o mesmo grande escritor de O evangelho segundo Jesus Cristo: a mesma força, a mesma precisão, a mesma angústia. O que muda é a forma. Não temos a narração extrema e delicada, mas um autor trágico, que se retrai apaixonadamente diante daquilo que mostra.