O Homem que Matou o Escritor é a estreia do jornalista Sérgio Rodrigues na literatura. E, se todas as histórias do mundo já foram escritas, é hora, então, de matar o escritor, redistribuir as cartas e reiniciar o jogo. Sérgio tomou a iniciativa. Com a ajuda de um computador, disparou cinco contos em direção ao "criador", deu fim ao escritor e fez brotar criaturas. Nesse jogo de espelhos passeiam histórias que sugerem a nova tendência literária do século 21: vertiginosa como a vida urbana; afiada como uma memória RAM; reflexiva, como esses dias de cão; chula e erudita, dominando todas as situações; humorada, porque sem a graça a vida é muito chata. Como definiu José Roberto Torero, os contos de Sérgio Rodrigues lembram um sanduichão. "São modernos, ligeiros, breves, mas alimentam, misturam ingredientes inesperados e, principalmente, depois dá vontade de comer, digo, ler outro". Como gênero, O Homem que Matou o Escritor poderia ser considerado um híbrido: policial, metalinguístico, drama, comédia e farsa. Sua lógica interna, no entanto, é rigorosa. Fruto de um exercício narrativo elaborado à perfeição, o resultado é requintado. A narrativa brinca com o leitor, levando-o de um extremo ao outro tão rápido quanto a distância do ponto ao parágrafo seguinte. As rodas dos patins in-line de uma bela mulata brasileira, por exemplo, podem nos levar do mix multicultural de Miami para um excêntrico retiro de macacos artistas aposentados do show business(!). A performance de um típico garanhão carioca pode terminar de forma tragicômica no auge de sua virilidade. E uma velhinha saudosa, quem diria, revela-se uma bandida de estirpe. Além de apresentar-nos situações e figuras sui generis, O Homem que Matou o Escritor ainda instiga com breves citações. Como a um certo Nelson (Rodrigues?) e a uma certa Ana (C César?), personagens que, discretamente, revelam-se ao leitor, emprestando à trama seus estilos contundentes e revelando as fontes nas quais bebeu toda uma geração de novos escritores brasileiros.