Pela primeira vez um livro reúne os maiores nomes da poesia e da música brasileiras. Nunca, em nenhuma outra obra, já foram encontrados lado a lado Cazuza e João Cabral, Chico Buarque e Ferreira Gullar, Adriana Calcanhotto e Mario Quintana, Aldir Blanc e Manuel Bandeira, Caetano e Drummond. Poetas da literatura e da música, mestres da nossa educação sentimental, integram esta mesma antologia organizada ao longo do últimos dois anos pelo também poeta e professor de literatura brasileira Eucanaã Ferraz, em conjunto com Isa Pessôa, idealizadora do projeto e diretora-editorial da Objetiva. A garimpagem das obras se concentrou nessa busca que caracteriza os poetas, os músicos: a fuga do cotidiano, a vontade de cometer uma loucura, de tocar fogo nesse apartamento. Apostamos também que vale a pena oferecer biscoito fino para a massa, que é capaz de degustar poesia com o mesmo prazer com que ouve uma música. Ao colocar poemas e canções, lado ao lado, podemos ampliar o consumo do verso que sempre é mais restrito do que a música - comenta Isa. Nesta antologia, compara a editora, 'o poema vira recurso vital, remédio forte, espécie de substância capaz de aplacar o enfado, a melancolia, a falta de imaginação. Cada texto é um convite para a vida. João Cabral revela como às vezes a gente canta só para sentir-se existente. Um poema salva um afogado, sentencia Mario Quintana, o poeta gaúcho, um dos 19 autores do nosso volume.' Como nas antologias dos Cem Melhores Contos Brasileiros do Século, e dos Cem Melhores Poemas, a Veneno Antimonotonia também pretende ser livre de academicismos. A pesquisa dos versos foi orientada pela qualidade, pela capacidade do poema seduzir, emocionar e, sobretudo, consagrar-se como instrumento de sobrevivência. Em seu texto de introdução, o organizador Eucanaã Ferraz aprofunda esta idéia: 'Aí está um possível primeiro estranhamento para os que julgam imprescindível às antologias a orientação de um protocolo fundado em termos cronológicos, temáticos ou demonstrativo de uma corrente estético-literária. Menos cerimoniosa, nossa escolha recairá sobre um atributo subjetivo, sem dúvida, mas decisivo e mensurável: a capacidade de um texto em versos mostrar-se imediatamente como um golpe na monotonia.'