No efervescente Rio de Janeiro de 1960, a chegada de uma garota americana louca por futebol, carnaval e lança-perfume muda a vida do pacato Bairro Peixoto, pequena cidade encravada em Copacabana. O autor, que morou no Bairro Peixoto no início da década de 50, afirma que as recordações serviram de base para recriar o cenário onde vivem os personagens do romance. "Em 1960, eu era adolescente, morava com meus pais na rua Paissandu, no Flamengo, onde as reuniões com a turma da bossa nova eram frequentes. Alguns anos antes, eu morei também no Bairro Peixoto, num apartamento na rua Décio Villares, que meu pai vendeu em 1955. As lembranças dessas duas épocas são o ponto de partida da ficção", conta. É para esse recanto de Copacabana que se muda a família do coronel Kleber Ferreira, para realizar o sonho da mulher, Dona Eva. Muito bonita mesmo na casa dos 40 anos, ela abre uma loja de doces na Galeria Menescal - ponto de encontro e passagem entre as duas principais avenidas do bairro - e se apaixona por um delegado bonitão e cafajeste. É nesse universo que encantou Nelson Rodrigues - a classe média, a balzaca, o delegado, o quarto-e-sala de Copacabana - que Nelson Motta encaixa a história de Ao som do mar e à luz do céu profundo. "O casal de amantes é bem rodriguiano, embora o ambiente em volta, da garota americana e a turma do bairro, seja mais pop. Fica divertido ver uma californiana no universo rodriguiano. E vice-versa", explica o autor.