As férias na fazenda de um garoto de sete anos, acostumado às brincadeiras da cidade grande, como o futebol de rua e a leitura de histórias em quadrinhos. Drauzio Varella, autor de Estação Carandiru e Nas ruas do Brás, narra um episódio marcante da infância, guardado no fundo da memória.
As férias na fazenda de um garoto de sete anos, acostumado às brincadeiras da cidade grande, como o futebol de rua e a leitura de histórias em quadrinhos. Drauzio Varella, autor de Estação Carandiru e Nas ruas do Brás, narra um episódio marcante da infância, guardado no fundo da memória.
Um garoto de sete anos, criado no bairro do Brás, em São Paulo, vai passar as férias na fazenda. A diversão ali é bem diferente do futebol na porta de fábrica e dos filmes de faroeste e das histórias em quadrinhos a que ele estava acostumado naquele tempo sem televisão: são os bichos, as cavalgadas, o banho de rio, as brincadeiras, os personagens pitorescos e as histórias contadas antes de dormir que fascinam o menino da cidade. Com essas lembranças ainda tão nítidas, vem à tona também um episódio quase trágico, um segredo que o narrador menciona de leve desde o início da história. De braços para o alto foge ao comum pela transparência da linguagem, que revela, pela voz de um narrador adulto, um momento quase epifânico da infância. Pessoas, animais e sobretudo lugares são descritos aqui com notável noção de medida. A cumplicidade dos primos, a relação com os adultos, personagens como o domador de cavalo bravo e seu Saul veiculam os hábitos da época e do local, e despertam nos adultos a saudade da infância, enquanto oferecem às crianças o prazer de seguir o curso de uma história que flui como a água dos rios. São os rios a chave do segredo que permeou aquelas férias, trazendo ao menino - e a nós - uma nova dimensão da vida e da felicidade.