Liliana não entende por que a mãe não vai mais voltar para casa. E por isso se põe a escrever. Contar sua rotina é uma forma de continuar conversando com a mãe. Palavra atrás de palavra, Liliana vai aprender a dizer o que sente e a descobrir como dar sentido a sua tristeza, suas alegrias e sua maneira de ver o mundo.
Liliana não entende por que a mãe não vai mais voltar para casa. E por isso se põe a escrever. Contar sua rotina é uma forma de continuar conversando com a mãe. Palavra atrás de palavra, Liliana vai aprender a dizer o que sente e a descobrir como dar sentido a sua tristeza, suas alegrias e sua maneira de ver o mundo.
Sem a mãe, a casa de Liliana ficou enorme e virou uma grande bagunça. Roque e Peu, os irmãos da menina, não param de aprontar. O pai não tem tempo para os filhos. A tia e a avó não a escutam. E Jacyra, a empregada, está sempre ocupada, fazendo faxina ou lavando roupa.
Liliana descobre que viver sem a mãe é "horrível" e que tem de lidar com a falta dela. Para superar a tristeza, o ciúme e a raiva, a menina se distrai com as visitas da avó, com a barrigona de grávida da empregada Jacyra, faz o batizado da boneca Shirley e, em seu caderno, inicia um diálogo com a mãe. Por meio dessa "conversa", a menina vai descobrir por si mesma como elaborar essa ausência e deixar de ser uma "folhinha ao vento".
É por meio da vida de todo dia, da fala e da escrita a um só tempo infantil, espontânea e literária, que se constrói esta narrativa sobre o aprendizado do crescimento, a experiência da perda e a reorganização dos afetos. Numa história sensível e pontuada de humor, a ficção de Livia Garcia-Roza apresenta-se em sua melhor forma. As palavras se sucedem em ritmo acelerado e vão aos poucos construindo um relato ao mesmo tempo leve e reflexivo sobre a perda.