Trajetória do jesuíta italiano que trocou sua terra natal pela Índia e pela China, onde viveu de 1583 até sua morte, em 1610. O autor apresenta este drama emocional e religioso a partir de imagens que o próprio Ricci compôs como adepto das artes clássicas renascentistas de treinamento da memória.
Trajetória do jesuíta italiano que trocou sua terra natal pela Índia e pela China, onde viveu de 1583 até sua morte, em 1610. O autor apresenta este drama emocional e religioso a partir de imagens que o próprio Ricci compôs como adepto das artes clássicas renascentistas de treinamento da memória.
Quando acabou a primeira grande era da exploração naval européia, no final do século XVI, os mercadores e os missionários começaram a viajar para o Extremo Oriente em busca de novos mercados e novas colheitas de almas.Um dos mais extraordinários dentre esses viajantes foi Matteo Ricci, um jesuíta que partiu de sua Itália natal em 1577 e viajou primeiro para a Índia e depois para a China, onde viveu e trabalhou de 1583 até sua morte, em 1610.Para compreender o complexo drama emocional e religioso da vida de Ricci, Jonathan Spence afastou-se das técnicas biográficas convencionais, mostrando seu tema a partir de imagens que o próprio Ricci compôs.Como intérprete erudito de motivos religiosos e estudioso e tradutor adepto das artes clássicas renascentistas de treinamento da memória (que possibilitaram a preservação de um grande volume de informações e até mesmo de sabedoria), Ricci impressionou os chineses com sua erudição e suas habilidades. Desde o momento em que chegou à China, no fundo de todos os esforços de Ricci estava sua devoção à tarefa de converter os chineses ao cristianismo. As imagens focalizadas por Spence foram retiradas de quatro gravuras em madeira mostrando cenas do Novo Testamento, que Ricci julgava serem essenciais à fé cristã, e de quatro ideogramas chineses que Ricci analisou em um livro sobre o treinamento da memória que escreveu para os chineses. Essas imagens correspondem a quatro temas básicos da vida e da cultura cristã e chinesa, tal como Ricci as entendia e tal como na realidade os vivia: guerra, lucro, dever e amor.O resultado não é apenas uma narrativa rica e atraente sobre a vida de Ricci na Itália, na Índia e na China, mas também um trabalho significativo de história geral, em que se reúnem os temas intelectual, social, militar, marítimo e religioso, justapondo-se o mundo europeu da Contra-Reforma com o da China da época Ming. O Palácio da Memória que Ricci tentou descrever em sua publicação transforma-se, no livro extraordinário de Spence, em uma moldura para a vida de Ricci e em uma metáfora para os medos e as esperanças de um mundo amplamente esquecido.