Um livro é o melhor presente: 6 livros de poesia

07/12/2016

1. Poema sujo, de Ferreira Gullar

Poema sujo é um clássico contemporâneo. Escrito por Ferreira Gullar durante seu exílio na Argentina e publicado originalmente em 1976, o poema transformou a paisagem da poesia brasileira com sua torrente arrebatadora de versos, expressão máxima de uma subjetividade convulsa pela atmosfera sufocante da ditadura. Esta edição é a primeira publicada pela Companhia das Letras, que também lançará novas edições da obra poética de Ferreira Gullar. 

2. Um amor felizde Wislawa Szymborska

Wislawa Szymborska ganhou o Prêmio Nobel de literatura em 1996. Sua primeira coletânea de poemas lançada aqui, Poemas, conquistou os leitores brasileiros. A segunda reunião de seus escritos, Um amor feliz, equilibra-se entre o rigor e a observação dos fatos, sempre num tom levemente informal – a despeito da cuidadosa construção dos versos. Falando de amores e da vida cotidiana, a escritora ergueu uma obra que toca os leitores e influencia novas gerações. Regina Przybycien, tradutora deste volume, venceu o Prêmio APCA 2016 na categoria Tradução. 

3. O livro das semelhanças, de Ana Martins Marques

O livro das semelhanças está entre os melhores lançamentos de poesia deste ano, tanto que ficou com o terceiro lugar do Prêmio Oceanos. Terceiro livro de Ana Martins Marques, seus versos comunicam e são certeiros, a nota lírica vem sempre acompanhada de uma visão irônica — e delicada — da realidade. Dividido em quatro seções, os poemas despertam o leitor para o prazer iluminador e sensível de uma voz forte e original. Do amor à percepção de que há um espaço para o lugar-comum, do entendimento da precariedade do nosso tempo à graça proporcionada pela memória: eis uma poeta que nos fala diretamente. Ou, como diz em um de seus versos: "Ainda que não te fossem dedicadas / todas as palavras nos livros / pareciam escritas para você".

4. Escuta, de Eucanaã Ferraz

Escuta também foi um dos grandes lançamentos de 2016, que estava entre os dez finalistas do Prêmio Oceanos. A morte é o principal tema do livro de Eucanaã Ferraz. Suicídios, assassinatos e guerras surgem por vezes em cenas que parecem saídas de noticiários. É também significativo que uma das seções do livro tenha por título “Memórias póstumas”, dedicada “à memória de todos os amantes/ mortos em combate”. Para equilibrar esse quadro, uma das partes do livro se chama “Alegria”. O leitor vê-se então arrastado por um feixe intenso de cores, vibrações e desejos. Há ternura e lirismo, mas também ironia e humor. Decididamente urbanos, os poemas percorrem uma vasta geografia, que tanto podem remeter ao extermínio e ao aniquilamento - Ruanda, Congo ou Líbano - quanto se voltar para um Brasil distante das capitais - Cruzeiro do Oeste, Nova Friburgo, Campos Altos, Leopoldina, Dores do Turvo. Neste livro, tomamos parte numa penetrante escuta do mundo. 

5. A teus pés, de Ana Cristina Cesar

Autora homenageada da Flip 2016, livros há anos esgotados de Ana Cristina Cesar voltaram às livrarias. Depois de reunir toda a sua obra em Poéticaa Companhia das Letras lançou  pela coleção Poesia de Bolso A teus pés, único livro de Ana Cristina lançado por uma editora enquanto estava viva. Além de material inédito, a obra reunia os três breves volumes que a autora havia publicado entre 1979 e 1980 em edições caseiras: Cenas de abril, Correspondência completa e Luvas de pelica. Esta edição inclui também uma cronologia da autora.

6. Livro sobre nada, de Manoel de Barros

Neste ano comemoramos o centenário de um dos grandes nomes da poesia brasileira: Manoel de Barros. O poeta está ganhando reedições de toda a sua obra, e uma delas é a de Livro sobre nada, uma poesia vibrante que desacata as normas e convenções sociais e um dos livros mais conhecidos do autor. Dividido em quatro partes, Livro sobre nada traz poemas curtos em que desconstrói a linguagem para reorganizar um mundo singular, em que expressa de forma contundente sua adesão a tudo que não tem importância, é solitário ou vazio. Como ele mesmo explica ao leitor, “o ‘nada’ do meu livro é nada mesmo”.

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