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© Madua
Em seu Histórias de cronópios e de famas, Julio Cortázar tem um manual de instruções. O texto tem uma série das mais importantes instruções, por exemplo: como chorar, como subir escadas, como cantar, como entender três quadros famosos, como dar corda num relógio. É um texto, além de divertido e irônico, de uma sensibilidade mordaz.
O texto — conto? Crônica? Narrativa? — é conhecido. É famoso em oficinas de criação literária justo por esse convite a pensar atividades que nos pareçam instintivas e colocá-las num formato de manual. Pensar o que fazemos sem pensar. Mas a coisa menos engraçada que se pode fazer é explicar uma piada, e a coisa mais distante da experiência de leitura é explicar a leitura para quem não leu. Antes que os amigos acadêmicos me xinguem: é uma piada. Quis dizer que explicar uma piada não é engraçado, e explicar o texto literário nem sempre é… Bem, agora tenho um parágrafo que explica uma piada, um texto literário e destrói um ditado. Se depois de tudo isso, a prezada pessoa leitora ainda estiver lendo, agradeço.
Como comentei, já foi muito reinterpretado. Mas não por mim. E sei que estamos num momento em que brincar de bancar Cortázar não parece muito apropriado, mas talvez por isso seja o mais apropriado. (Essa não vou explicar, hein?)
Resolvi então pegar as perguntas irrespondíveis e responder em formato de manual. Como superar o bloqueio criativo, essas coisas. Não porque não tenham respostas, mas porque as respostas são o oposto do manual. Ao contrário de subir escadas, que parece um processo que todos fariam da mesma maneira, o escrever exige o famoso autoconhecimento. O que funciona pra mim não funciona pra você. Eu posso dar dicas? Posso. Mas no final das contas, um escritor sempre fala da própria experiência.
Então, vamos lá. O manual objetivo para ser escritor.
Como superar o bloqueio criativo
Duração: 3 dias
Você vai precisar de: um computador, uma escrivaninha, uma casa, duas crianças de 0 a 6 anos, uma pia de louça suja, uma cristaleira, um celular com acesso a internet e WhatsApp instalado, uma agência de correios, um modo de transporte (carro, ônibus, Uber, bicicleta), uma máquina de lavar (máquina de secar opcional), um varal, prendedores, um emprego que forneça contratos de trabalho, e-mails atrasados, estantes, uma cama, lençóis, roupa suja, livros variados, um scanner (impressora opcional), o livro Os tais caquinhos de Natércia Pontes.
Como encontrar agentes
Duração: 4h+
Você vai precisar: uma lista telefônica, um telefone, papel caneta.
Como conseguir escrever durante uma pandemia
Duração: 15 minutos
Você vai precisar de: uma biblioteca
Como agir se te pegarem roubando uma ideia
Duração: 10 segundos
Você vai precisar de: madeira (para esculpir sua cara de pau)
Luisa Geisler nasceu em 1991 em Canoas, RS. Escritora e tradutora, é também mestre em processo criativo pela National University of Ireland. Pela Alfaguara, publicou Luzes de emergência se acenderão automaticamente (2014), De espaços abandonados (2018) e Enfim, capivaras (2019), além de Corpos secos, romance distópico de terror escrito a oito mãos com Natalia Borges Polesso, Marcelo Ferroni e Samir Machado de Machado. Foi vencedora do Prêmio Sesc de Literatura por duas vezes, além de finalista do Prêmio Machado de Assis, semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura e duas vezes finalista do Jabuti.
Luisa Geisler nasceu em 1991 em Canoas, RS. Escritora e tradutora, é também mestre em processo criativo pela National University of Ireland. Pela Alfaguara, publicou Luzes de emergência se acenderão automaticamente (2014), De espaços abandonados, Enfim, capivaras (2019), além de Corpos secos, romance distópico de terror escrito a oito mãos com Natalia Borges Polesso, Marcelo Ferroni e Samir Machado de Machado. Foi vencedora do Prêmio Sesc de Literatura por duas vezes, além de finalista do Prêmio Machado de Assis, semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura e duas vezes finalista do Jabuti.
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