A brasilidade de Joana Lira no livro de Paulo Coelho

25/09/2023

Inspirada pela vivacidade da cultura brasileira, a artista plástica Joana Lira ilustra o livro O Arqueiro, de Paulo Coelho, publicado pela primeira vez no Brasil pela editora Paralela. Nascida em Recife, Joana sempre busca trazer um olhar ampliado sobre a arte, cultura e diversidade em seus desenhos, o que se refletiu num arqueiro agênero, composto por pinceladas que seguem o movimento do arco e da flecha e mergulhado na brasilidade de nossas raízes indígenas e afro-brasileiras. Nesta entrevista, a artista conta como foi o processo criativo das ilustrações para o livro e suas principais inspirações.

Foto: Flávia Valsini

Foto: Flávia Valsini

Como você escolheu os materiais, a cor e a técnica para as ilustrações? Você tinha uma visão clara desde o início ou precisou testar diferentes métodos?

JOANA LIRA: Desde o início, havia o desejo que o traço se expressasse em gesto de pincelada, fazendo uma alusão à maneira como uma flecha se comportar ao ser solta de um arco: com desejo de precisão, porém também abraçando o acaso. Pra chegar ao resultado final do traço, precisei testar algumas técnicas. Comecei pelo estudo à mão livre, com pincel embebido em nanquim, depois digitalizei as artes no intuito de ter mais mobilidade para criar a composição de cada página. A cor amarelo-ouro foi uma sugestão do designer Alceu Nunes, parceiro neste livro, muito bem recebida por mim. Foi dele também a ideia de mantermos o preto como cor-potência do livro.


Além da história, o que mais te inspirou para desenvolver esse projeto?

JL: Me inspirou imensamente a liberdade criativa para minha interpretação do livro concedida pela editora, a ideia de haver um projeto gráfico cuidadoso e principalmente o direcionamento para que as artes desenvolvidas tivessem fortes características de brasilidade.

Como a imagem do arqueiro das ilustrações, que é agênero e tem raízes indígenas e afro-brasileiras, se desenvolveu?

JL: Todo trabalho artístico é um recorte, uma interpretação de um olhar único, mas é também uma ferramenta poderosa de reflexão para colocar foco de luz em questões latentes da atualidade. Por esse motivo, escolhi trazer este arqueiro amplo, sem privilegiar um gênero específico e dando lugar também ao que temos de mais poderoso e bonito na formação do nosso país: nossas raízes indígenas e afro-brasileiras.


Houve alguma mensagem do livro que te guiou durante o processo criativo?

JL: Sim. Há duas frases no livro que foram bem marcantes e inspiradoras para meu processo criativo acontecer:

Quando o arqueiro estica a corda, pode ver o mundo inteiro dentro de seu arco.

Jamais deixe de soltar a flecha se a única coisa que o paralisa é o medo de errar.


Durante o processo, houve algum desafio para você?

JL: Ilustrar é sempre um desafio, mas confesso que o processo desse livro se deu de maneira muito fluida e prazerosa.

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