LITERATURA BRASILEIRA VIVA | Um Brasil de interpretações

01/07/2024

Está procurando por novos livros para o seu clube de leitura? Preparamos algumas sugestões que vão te fazer ter discussões envolventes e inesquecíveis!

Nesta lista, estão alguns títulos da literatura brasileira contemporânea com temas que atravessam gerações e que são ideais para compartilhar com outros apaixonados por leitura.

1. Água turva, de Morgana Kretzman

Selo: Companhia das Letras

272 páginas

Parque Estadual do Turvo, Rio Grande do Sul, fronteira com a Argentina.  A guarda-florestal Chaya é a responsável por combater a caça exploratória de animais silvestres no parque. Preta, sua prima, separada da família ainda na infância, é a líder de um temido grupo de caçadores e contrabandistas que vive no lado argentino da fronteira, os Pies Rubros. Olga, assessora parlamentar de um ganancioso deputado, é forçada a voltar à cidade onde cresceu para ser porta-voz da tragédia ambiental que se anuncia — até perceber que está nas mãos dela a chance de mudar o curso da história. De inimigas a aliadas, as três acabam obrigadas a vencer um passado turbulento para enfim construir uma possibilidade de futuro para todos. Mas elas não estão sozinhas: Sarampião, a figura mítica de um guarda-florestal e protetor da mata, parece acompanhá-las e ajudá-las na batalha.

2. Os tais caquinhos,  de Natércia Pontes

Selo: Companhia das Letras

144 páginas

Faltava muita coisa no apartamento 402. Mas sobravam muitas outras: caixas de papelão, bandejas de isopor, cacarecos, baratas, cupins, muriçocas, poeira, copos sujos. Abigail, Berta e Lúcio formam um trio nada convencional. Duas adolescentes dividem o apartamento com o pai, um homem amoroso, idiossincrático, acumulador, pouco afeito à vida prática, que torce para que a morte venha logo lhe buscar e dá conselhos incomuns às filhas: “É muito bom sentir fome”. Um romance poderoso e áspero sobre uma família, um apartamento caótico e as dolorosas descobertas da adolescência.

3. As sobras de ontem, de Marcelo Vicintin

Selo: Companhia das Letras

216 páginas

“Dizem que o dinheiro não muda ninguém, apenas desmascara; e é num mundo sem máscaras que as predileções humanas ficam mais claras.” Esta é a síntese de um romance em que dois narradores privilegiados se alternam para contar cada um a sua história. Um deles é Egydio, herdeiro de uma empresa de navegação, que cumpre pena em prisão domiciliar após ser flagrado por uma força-tarefa da Polícia Federal; a outra é Marilu, espécie de arrivista em busca da imagem perfeita, mergulhada num presente frenético e incerto. São personagens que não buscam a simpatia do leitor, pelo contrário. Mas seu encanto está justamente no que neles há de corrompido. É necessário considerar as nuances da escrita — a meio caminho entre a paródia e a crítica, procurando abarcar um contexto muito mais amplo, o do Brasil desse início de anos 2020 — para que se possa adentrar no coração desta que, sem dúvida, é uma das estreias literárias mais corrosivas e corajosas dos últimos anos.

4. Como se fosse um monstro, de Fabiane Guimarães

Selo: Alfaguara

160 páginas

Brasília, décadas de 1980 e 1990. Uma jovem sai do interior para trabalhar como empregada doméstica na casa de um casal rico na cidade grande. Lá, enquanto tenta entender a dinâmica diária dos dois, ela começa a ver algumas meninas passando diariamente para algum tipo de entrevista a portas fechadas. Depois de meses sem achar a escolhida, o casal finalmente faz a proposta a Damiana: que ela seja barriga de aluguel para eles. A história de Damiana e sua relação com a maternidade, o próprio corpo, as vidas que impacta e a rede clandestina de produção de bebês é contada a uma jornalista quando ela já está idosa, vivendo novamente no campo. Um romance envolvente sobre o que significa tomar decisões e como elas impactam a vida dos outros, é uma reflexão única sobre a maternidade, a culpa e o direito de escolher.

5. Motivos e razões para matar e morrer, de Reginaldo Prandi

Selo: Companhia das Letras

336 páginas

No final da década de 1950, uma cidadezinha do interior do Brasil é surpreendida por uma série de assassinatos, suicídios e mortes suspeitas. Até então, o sossegado município enfrentara apenas crimes perpetrados por ladrões de galinhas. A solução de casos de mortes tão diversos quanto os artigos vendidos nos dois armazéns de secos e molhados da cidade vai depender das relações pessoais, das fofocas e da curiosidade sobre a vida alheia, que dão sabor e sentido ao dia a dia dos moradores. Em Motivos e razões para matar e morrer, Reginaldo Prandi evoca toda a ambiência da metade do século XX para, em meio a conflitos familiares, intrigas religiosas e amores juvenis, tratar do avanço da tecnologia, do risco que se corre de perder as raízes e, ao mesmo tempo, da importância de mudar.

6. O livro dos mortos, de Lourenço Mutarelli

Selo: Companhia das Letras

528 páginas

Pompeu Porfírio Júnior ganha a vida contando histórias: as pessoas lhe pagam para que sente ao lado delas e conte o que viveu. Como um intermediário-inventor, Pompeu arquiteta mundos para que elas os habitem. Ali, se apaixonam, se decepcionam, gozam e sofrem. Contudo, Pompeu tem seus demônios particulares e, ao ser denunciado ao tribunal da inquisição, passa a responder por crimes que não conhecia. Sem saber quem o acusara, o contador de histórias relembra sua vida e dela monta um caleidoscópio, revisitando, na companhia do leitor, desde a infância até a maioridade e ao infarto que quase o matou. Misto de autoficção e narrativa insólita, própria de Mutarelli, este livro retoma o estilo que o consagrou em O cheiro do ralo e aprofunda uma das questões mais importantes de sua obra: quais os limites da narrativa (seja ficcional seja histórica) e até onde ela nos constrói.

7. Oração para Desaparecer, de Socorro Acioli

Selo: Companhia das Letras

208 páginas

Cida, uma mulher sem identidade nem memória, reconstrói pouco a pouco uma nova vida em um lugar completamente desconhecido. Jorge encontra nessa misteriosa estrangeira uma paixão inesperada, que recria o que não parece provável. Do outro lado do Atlântico, Joana é o fantasma de um amor há muitos anos perdido por Miguel. Quando os quatro personagens se entrecruzam no tempo em busca de respostas para as próprias angústias, se deparam também com uma trama fantástica sobre magia, ancestralidade e pertencimento. Oração para Desaparecer é uma das histórias possíveis sobre o amor e seu poder de dissolver as barreiras do imponderável.

8. Pequena coreografia do adeus, de Aline Bei

Selo: Companhia das Letras

264 páginas

Julia é filha de pais separados: sua mãe não suporta a ideia de ter sido abandonada pelo marido, enquanto seu pai não suporta a ideia de ter sido casado. Sufocada por uma atmosfera de brigas constantes e falta de afeto, a jovem escritora tenta reconhecer sua individualidade e dar sentido à sua história, tentando se desvencilhar dos traumas familiares. Entre lembranças da infância e da adolescência, e sonhos para o futuro, Julia encontra personagens essenciais para enfrentar a solidão ao mesmo tempo que ensaia sua própria coreografia, numa sequência de movimentos de aproximação e afastamento de seus pais que lhe traz marcas indeléveis.

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