Patricia Auerbach nasceu em São Paulo, em 1978, e quando ainda era bem pequena, passava horas na frente do espelho inventando lindos vestidos e penteados incríveis com as toalhas de banho e os panos que achava pela casa. Na época, Patricia ainda acreditava que quando crescesse viraria uma princesa, mas depois o tempo passou, ela estudou arquitetura e trabalhou com criação publicitária e como professora de história da arte. Hoje, é autora e ilustradora de livros infantis, arte-educadora e uma mãe que adora brincar. Pela Brinque-Book, publicou "O Jornal", vencedor do prêmio FNLIJ 2013 de melhor livro ilustrado. Agora, apresenta seu mais novo livro: "O Lenço", que assim como o anterior cativa o leitor com imaginação e brincadeiras. Patricia, como se vê, é dessas pessoas sensíveis que nunca deixaram o lado lúdico da vida de lado. Por isso consegue ver o mundo com os olhos de criança e criar livros que se transformam em belos momentos. No domingo, dia 21, a partir das 15h, a autora estará na Livraria da Vila (Av. Moema, 493, São Paulo) para o lançamento de "O Lenço". E às 16h, a contadora de histórias Kiara Terra irá comandar uma atividade bem gostosa com todos que estiverem ali. Vai ter história, lenço, brincadeira e livro. Veja abaixo a conversa que o blog da Brinque-Book teve com Patricia - sobre infância, livros e desenvolvimento - e inspire-se!  

Brinque-Book: Primeiro "O Jornal". Agora, "O Lenço". Como essas brincadeiras simples, ao mesmo tempo tão criativas, colaboram com o desenvolvimento das crianças?

Patricia Auerbach: Vou responder essa pergunta com uma cena que eu assisti há uns 3 anos. Era dia de natal e as crianças tinham acabado de abrir os presentes. Só que para a minha surpresa, os brinquedos novos ficaram todos largados no chão e a turminha estava toda brincando com as fitas coloridas que enfeitavam as embalagens. Eles brincaram de vaqueiro, de trenzinho e de uma porção de coisas incríveis. Naquela hora eu entendi uma coisa muito linda. Objetos simples são convites à imaginação. Nada contra brinquedos de pilha, bonecas que falam e andam, mas a verdade é que a boneca que fala e anda, vai ser sempre apenas uma boneca que fala e anda. Enquanto um pedaço de pano pode ser um universo inteiro de possibilidades incríveis.

Você acredita que os objetos têm o poder de nos levar a lugares fantasiosos?

Eu acho que os objetos são só o convite pra viajar, quem nos leva mesmo é a imaginação!

No caso, você nos presenteia com objetos e livros, juntando duas formas de brincar e transportar a gente pelo mundo da imaginação. Como chegou nessa fórmula, nessas histórias ilustradas tão singelas?

Brincando! Eu tenho dois filhos, seis afilhadas e um monte de crianças a minha volta. Foi brincando com essa turminha que nasceram as histórias. São coisas que eu vivi de verdade, ou melhor, brinquei de verdade. Depois é que veio a vontade de dividir esse faz de conta com mais gente. Acho que os livros são a forma que eu encontrei pra fazer a brincadeira durar pra sempre. Pois é, tem gente que tira foto e gente que filma. Eu resolvi escrever livros.

Você costumava brincar com jornal e lenço quando criança? Eu sempre gostei de faz de conta, sempre adorei inventar histórias e passava muito tempo na frente do espelho brincando com a toalha de banho. Eu botava na cabeça e fingia que era meu cabelo comprido, depois fazia vestido ou capa e me transformava numa rainha, só nunca imaginei mesmo que eu ia virar livro! Que dicas de leitura e atividade, juntando seus dois livros, você oferece a quem está nos lendo? É possível pensar em uma para fazer em casa, com os pais, e outra para os professores fazerem com os alunos em sala de aula? Eu criei dois livros que são apenas uma referencia para a historia daqueles personagens. Não são narrativas fechadas, não existe uma versão única. O bacana é que cada vez que alguém contar a história ela vai ser diferente. E se eu mesma contar 100 vezes a história de "O Lenço", serão 100 versões diferentes porque cada uma delas vai ter uma Patricia diferente inventando a história. Mais alegre, mais triste, mais brincalhona, mais séria. E assim é que deve ser. Livro de imagem tem essa vantagem, o leitor é que constrói a história! E com "O Jornal" e "O Lenço" a coisa é ainda mais aberta porque o leitor pode usar as imagens apenas como ponto de partida para brincar com as dobraduras e os panos do jeito que tiver vontade. E é importante dizer que essa brincadeira também é uma forma de leitura e de interpretação do texto. É claro que na escola, dependendo da idade dos alunos, os professores podem usar essa brincadeira pra construir projetos mais elaborados, textos coletivos, livros ilustrados e desenhos de interferência. Tudo isso é possível a partir das imagens e dos vazios que estão na obra. Mas o mais importante, tanto em casa quanto na escola, é fazer com que esses momentos sejam um convite ao prazer da leitura e da imaginação. Domingo haverá lançamento de "O Lenço", com  sua presença e da contadora de histórias Kiara Terra. Conta um pouquinho pra gente o que estão preparando para esse grande momento? A Kiara é uma contadora de história muito especial. Quando "O Jornal" ficou pronto, eu já sabia que era ela tinha que dar voz aquele personagem no lançamento. Com "O Lenço" não podia ser diferente. Ela tem o poder de envolver as crianças na construção da narrativa fazendo todo mundo se sentir parte do enredo e essa é a coisa mais linda que pode acontecer na contação de uma história como a de "O Lenço". Sei que ela vai usar um lenço igual ao do livro para contar a história. E sei também que a história vai ser feita ali na hora, junto com os sorrisos, os olhos atentos e as ideias de quem estiver no lançamento. Além disso, eu e a Brinque-Book temos um presente bem especial para as crianças. Tenho certeza que elas vão gostar! Muito obrigada pela entrevista, Patricia, e parabéns pelos livros! Abaixo, a própria autora convida a todos para o domingo. E ainda ensina o pessoal de casa a brincar com jornal, em vídeos superbacanas!