É muito bom ser você mesmo. Mas, de vez em quando, transformar-se em outras pessoas também pode ser divertido. Assim, a autora Janaina Tokitaka celebra a imaginação e a criatividade dos pequenos leitores, que, se valendo de objetos cotidianos, criam situações fantásticas e interpretam diferentes personagens para viver suas aventuras.
Com texto em versos e delicadas ilustrações, o livro "Eu" mostra às crianças que objetos de sua família e amigos podem ser usados para exercitar a criatividade e criar brincadeiras.
Mas será que somos sempre nós mesmos, ou podemos nos transformar em outras pessoas numa boa?
Batemos um papo com a autora para saber como foi criar essa história. Mas adiantamos: a resposta da pergunta acima você terá de descobrir no livro!
Brinque-Book: O texto em rimas. Como você cria essa harmonia bonita? Conta um pouquinho sobre o processo criativo, de como brinca com as palavras para chegar em seus significados?
Janaina Tokitaka: Rimar é mais ou menos como montar um quebra cabeças: se uma peça-palavra não encaixa no verso, temos que procurar a correta até o texto ganhar harmonia e fluir bem. As vezes você enxerga a tal pecinha perfeita de primeira, as vezes leva um tempão até achar a danada no meio de tantas possibilidades. No fim, se dá tudo certo, parece que o texto nasceu assim, rimado, sem esforço algum por parte do autor.
Neste livro, quem veio primeiro: o texto ou as imagens?
Nasceram mais ou menos juntos, difícil dizer. Acho que o texto nasceu um pouquinho antes, dessa vez. Mas enquanto eu escrevia, já pensava no rosto desse personagem e no cachorrrinho que o acompanha durante o livro. Até a roupa azul e verde que ele veste já estava decidida antes de eu colocar o último ponto final.
"Eu" fala sobre tudo que podemos ser, mas nos lembra de como é bom ser nós mesmos. Quem é a Janaina Tokitaka?
Eu? Alguém que gosta tanto de brincar de ser outras pessoas que fez disso uma profissão! Escrever, desenhar e até ler são possibilidades de sair brevemente do nosso mundo e habitar outras realidades. Mas como é bom voltar para o nosso mundo depois da aventura, não é? É um pouco como nós, adultos, nos sentimos quando voltamos para casa ao final do dia e tiramos os sapatos desconfortáveis, fazemos um café ou um chá, e nos permitimos ficar na companhia de nós mesmos durante alguns momentos.