As 14 pérolas da Índia

15/05/2014
Penélope Martins indica a obra de Ilan Brenman, com ilustração de Ionit Zilberman | Texto publicado originalmente em Toda Hora Tem História e jornal ABCD Maior. “Num sábado à tarde, nos arredores da Cracóvia, Polônia, um jovem aluno rodeava a casa de um conhecido rabino. Depois de certa hesitação, o visitante bateu na porta. O rabino abriu e disse: - Shabat shalom, o que o traz até minha casa no dia do descanso sagrado?" E agora a famosa frase televisiva: SENTA, QUE LÁ VEM HISTÓRIA. Em Bagdá, um judeu muito pobre conseguiu emprego de bobo da corte. Na Cracóvia já ia se afogar a vaca do senhor rabino, não fosse um jovem judeu contrariar a lei para salvá-la. E o sábio Michel que descobriu a duras penas que a Varsóvia não se diferenciava em nada de sua pequena aldeia Chelm… Ilan Brenman conta um conto e mais outro. Passeia pelos lugares mais longínquos e retoma o fio da história. Até Napoleão Bonaparte aparece nas narrativas populares judaicas. “Será que são reais? Isso não é o mais importante de se saber. O importante é contá-las.” Eu já conhecia esse narrador de histórias quando me arrisquei em travessias pelos contos indianos. As 14 pérolas da Índia inauguraram minha pequena coleção de saberes populares. Ainda hoje revisito o livro em companhia dos meus ouvintes e leitores, teimando provocar reflexões sobre a nossa própria ignorância. Se Deus existe nem preciso saber, pois já aprendi com a rã do poço que a vida vai além do alcance dos nossos olhos (saiba mais aqui). Fui ao encontro de Ilan numa livraria para bate papo e café. Compartilhamos histórias e quis saber mais das pérolas. “Sim, teremos mais alguns volumes da coleção”, me segredou Ilan e eu quase fiquei completamente quietinha, não fosse minha vontade de contar tudo aqui – nesta coluna de fazer gostar de ler. Levei ao encontro com o autor o livro de contos indianos, que hoje existe com um autógrafo carinhoso. Motivo extra para reservar espaço especial na biblioteca de casa. Depois de me enamorar com Índia, fui parar em um mosteiro budista, lá aonde o solo alcança as nuvens, num país chamado Tibet. As 14 pérolas do Budismo me trouxeram nova fonte de alegria. Foi com este livro que passei a última noite ao lado de minha avó, lendo para ela sobre a camponesa que atravessava o rio todos os dias para levar um jarro de leite de cabra para o sábio ancião que do outro lado da margem morava. Lembro bem que vovó comentou sobre seu maravilhamento ao ouvir o conto. Eu contei sobre esta amável experiência aqui mesmo. Recentemente, soube de dois livros últimos (?) que integram a coleção: As 14 pérolas da Sabedoria Sufi e As 14 pérolas da Sabedoria Judaica, com a qual comecei a saudação aos leitores e para paz repito: shalom! Do Sufismo, entre areias escaldantes do deserto, podemos encontrar Abdul e Hadija, muitos camelos, o grande sábio Bahauddin Naqshband e também uma bolsa cheia de pérolas. Pérolas. A coleção das ’14 pérolas’ escrita por Ilan Brenman, ganhou cor e expressão no desenho de  Ionit Zilberman numa viagem que conduz o leitor a novos territórios, com novas paisagens e outras gentes. A editora é a Escarlate, de São Paulo. Indispensável para ler e compartilhar histórias. Indispensável para rodas de conversa. Indispensável para aprender a rir de si  conhecendo um bocadinho mais da condição humana. Dei voz às palavras de Ilan inúmeras vezes e, por dentro, também me perguntava como ele se sentiria ao ouvir tantos multiplicadores de narrativas. Penso que ele aprecia (e muito). Só não tenho certeza se vou conseguir viajar para todos os sítios onde surgiram essas histórias. Embora eu já tenha visitado cada um deles, assim, lendo e contando… >> Clique aqui para ver a coleção completa de As 14 Pérolas, do nosso selo juvenil Escarlate. Os livros estão disponíveis em papel e também em e-book.
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