A maravilhosa lógica das crianças

29/05/2014
São muitas as inspirações dos escritores e ilustradores. Após uma conversa com o filho, o autor Leo Cunha correu para o Facebook e dividiu com os amigos a tal da lógica maravilhosa das crianças. Foi assim que meses depois surgiu o livro Dedé e os Tubarões, feito em parceria com a escritora Alessandra Roscoe, e com ótimas ilustrações de Rafael Antón. O livro, publicado pelo selo Escarlate, para jovens leitores, trata de vários temas atuais, como tecnologia e meio ambiente, sem deixar de lado aventura, relacionamento familiar e geografia. A história começa assim: Durante as férias, num dia em que seus pais decidiram preparar um prato misterioso, Lelê tem que tomar conta de seu irmão mais novo, Dedé. É óbvio que ela não quer, mas quando Dedé decide brincar com seu novo brinquedo favorito, o aplicativo do Google Earth instalado no tablet do pai, e procurar tubarões na costa da Austrália, Lelê decide dar uma chance ao irmão e entrar na brincadeira. Como será que essa farra vai terminar? Para contar aqui como os autores tiveram essa ideia, voltamos um pouquinho no tempo, exatamente no comentário do Facebook escrito por Leo Cunha. Para o o Blog da Escarlate, ele reproduziu a conversa:
Hoje cedinho o André (3 anos) pediu pra "brincar" de Google Earth. Pediu pra ver Belo Horizonte, depois o Rio de Janeiro, depois o Japão, depois o mar. Quando tava vendo o mar, ele pediu: - Pai, agora eu quero ver o tubarão. - Não tem jeito, Dedé, aqui só dá pra ver a parte de cima do mar. E ele, sem pestanejar: - É só jogar comida que o tubarão aparece!
"Postei isso numa manhã de sábado e quando voltei pra casa, de noite, havia dezenas de comentários dizendo que o caso era ótimo e que daria um bom livro. Entre os comentários, tinha esse da Alessandra" disse Leo:
"Leo, aposto que você, como ótimo pai, foi correndo pra dispensa pra procurar comida de tubarão".
"Tive a sensação de que ali estava o pontapé inicial pra história e convidei a Alessandra pra escrevermos em parceria. Ela topou na hora", emendou o autor. Então, começaram a pesquisar notícias sobre tubarões e rabiscar as primeiras ideias. Em vez de ser a aventura de um pai com um filho (como aconteceu na vida real), decidiram transformar a história numa aventura da irmã mais velha (10 anos) com o irmão mais novo (4 anos). A partir daí, a história deslanchou. "Eu escrevia 3 ou 4 capítulos, a Alessandra outros 3 ou 4, depois eu de novo, depois ela. E sempre um dando pitaco nas ideias do outro. Foi escrito realmente em dupla", conta Leo. Para Alessandra, escrever o livro foi dar um mergulho no mundo dos tubarões. "A gente trocava notícias e descobria referências. Leo tem uma formação em cinema, eu sou cinemaníaca, acho até que uma cineasta frustrada adormece em mim! Antes de me dedicar exclusivamente à literatura, como hoje, atuei por mais de 15 anos como repórter impressa e de TV, no qual pude exercitar a narrativa também a partir da imagem. Lembrei muito do quanto o filme Tubarão havia marcado minha adolescência e me aterrorizado", relata a autora. Falar do processo como um exercício criativo para quem gosta de ler e escrever, e até mesmo para conversar com as crianças sobre tais possibilidades é muito interessante. "A experiência de escrever numa parceria tão afinada foi muito bacana: Por vezes Leo era o meu editor, cortava as sobras e as palavras em demasia, até que a escrita ia ganhando forma, como se fosse um filme que se passava na minha imaginação e se concretizava no papel. Em outras vezes, eu era a editora e o Leo era aquele que destampava um pote de ideias." Foram mais de 40 emails trocados antes e durante a escrita do livro. E sempre que Alessandra conta essa genealogia da história, as pessoas se encantam com as possibilidades que a tecnologia traz. "E olha que eu sou o que se pode chamar de quase analfabeta tecnológica, apanho das novidades e até com os inúmeros controles remotos fico meio perdida", brinca a autora. Se você gostou, está no Rio e quer saber mais essa história, aproveite! Amanhã tem lançamento de Dedé e os Tubarões com a presença dos autores, no 16º Salão Fnlij do Livro para Crianças e Jovens. As crianças e a família são fontes inesgotáveis de bons enredos, não é mesmo? Tem alguma história desse tipo pra contar? Deixe um comentário aqui pra gente.
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