
Jornada Pedagógica 2025: Escutar alunos para ganhar leitores
Convidados debatem sobre como é importante dar protagonismo a crianças e jovens na busca de leitores engajados
Hoje cedinho o André (3 anos) pediu pra "brincar" de Google Earth. Pediu pra ver Belo Horizonte, depois o Rio de Janeiro, depois o Japão, depois o mar. Quando tava vendo o mar, ele pediu: - Pai, agora eu quero ver o tubarão. - Não tem jeito, Dedé, aqui só dá pra ver a parte de cima do mar. E ele, sem pestanejar: - É só jogar comida que o tubarão aparece!"Postei isso numa manhã de sábado e quando voltei pra casa, de noite, havia dezenas de comentários dizendo que o caso era ótimo e que daria um bom livro. Entre os comentários, tinha esse da Alessandra" disse Leo:
"Leo, aposto que você, como ótimo pai, foi correndo pra dispensa pra procurar comida de tubarão"."Tive a sensação de que ali estava o pontapé inicial pra história e convidei a Alessandra pra escrevermos em parceria. Ela topou na hora", emendou o autor. Então, começaram a pesquisar notícias sobre tubarões e rabiscar as primeiras ideias. Em vez de ser a aventura de um pai com um filho (como aconteceu na vida real), decidiram transformar a história numa aventura da irmã mais velha (10 anos) com o irmão mais novo (4 anos). A partir daí, a história deslanchou. "Eu escrevia 3 ou 4 capítulos, a Alessandra outros 3 ou 4, depois eu de novo, depois ela. E sempre um dando pitaco nas ideias do outro. Foi escrito realmente em dupla", conta Leo. Para Alessandra, escrever o livro foi dar um mergulho no mundo dos tubarões. "A gente trocava notícias e descobria referências. Leo tem uma formação em cinema, eu sou cinemaníaca, acho até que uma cineasta frustrada adormece em mim! Antes de me dedicar exclusivamente à literatura, como hoje, atuei por mais de 15 anos como repórter impressa e de TV, no qual pude exercitar a narrativa também a partir da imagem. Lembrei muito do quanto o filme Tubarão havia marcado minha adolescência e me aterrorizado", relata a autora. Falar do processo como um exercício criativo para quem gosta de ler e escrever, e até mesmo para conversar com as crianças sobre tais possibilidades é muito interessante. "A experiência de escrever numa parceria tão afinada foi muito bacana: Por vezes Leo era o meu editor, cortava as sobras e as palavras em demasia, até que a escrita ia ganhando forma, como se fosse um filme que se passava na minha imaginação e se concretizava no papel. Em outras vezes, eu era a editora e o Leo era aquele que destampava um pote de ideias." Foram mais de 40 emails trocados antes e durante a escrita do livro. E sempre que Alessandra conta essa genealogia da história, as pessoas se encantam com as possibilidades que a tecnologia traz. "E olha que eu sou o que se pode chamar de quase analfabeta tecnológica, apanho das novidades e até com os inúmeros controles remotos fico meio perdida", brinca a autora. Se você gostou, está no Rio e quer saber mais essa história, aproveite! Amanhã tem lançamento de Dedé e os Tubarões com a presença dos autores, no 16º Salão Fnlij do Livro para Crianças e Jovens. As crianças e a família são fontes inesgotáveis de bons enredos, não é mesmo? Tem alguma história desse tipo pra contar? Deixe um comentário aqui pra gente.
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