Autor x personagem: um diálogo entre Fernando Vilela e a Cabra

28/08/2014
Já contamos aqui sobre a relação que o leitor estabelece com os personagens, e por que esse é um dos fatores que incentivam as crianças a gostar ainda mais de um livro. Mergulhados nessa imaginação e em várias outras emoções, trazemos para o Blog da Brinque-Book uma entrevista inédita entre o autor Fernando Vilela e a Cabra, personagem do Abrapracabra. Na história, dona cabra caminhava perto de sua casa quando encontrou uma lâmpada encantada. “Pense uma palavra mágica, mas cuidado ao falar, um desejo imaginado ela irá realizar”, disse o gênio. “Abrapracabra!”, gritou o bicho! Uma grande aventura se inicia. Dona cabra viaja para os mais inusitados lugares do mundo e faz amizade com vários animais como um urso polar, um camelo e um peixe espada. Juntos, eles mostram que quem tem um amigo, nunca está sozinho, mesmo nas situações mais complicadas! E se você nos acompanha por aqui, vai se lembrar da vez em que Ilan Brenman bateu um papo com Laura, de Até as Princesas Soltam Pum. Quem será o próximo convidado, hein?!   Fernando Vilela: Oi Cabra, me conte o que aconteceu com você neste livro? Cabra: Eu nunca tinha pensado em sair daqui da minha terrinha, da minha casa, mas quando encontrei essa lâmpada mágica me deu uma vontade de viajar para um lugar geladinho... Então você imaginou e aconteceu? Não! Foi você que imaginou e me colocou numa fria! Mas Cabra, a sua vida estava tão paradona e sem graça que resolvi fazer você viajar um pouco pelo mundo, para conhecer outros bichos. Você não gostou? Se eu gostei? Você me fez passar por muitos apuros! Mas eu gostei de ser a heroína da história que sempre abria portas e salvava todos os animais. Foi emocionante! Mas por que você inventou uma história com tantos lugares diferentes, Fernando? Sabe, Cabrinha, eu adoro viajar, conhecer lugares diferentes, as pessoas que neles vivem, como elas comem, como elas se vestem, a arte que elas criam. Acho que por isso inventei essa história pra você. Mas por que eu? Por que me escolheu para ser  a personagem principal? Tem tanto bicho bonito, charmoso, peludo, e você escolheu justou eu, que sou uma simples cabrinha magra do nordeste brasileiro! Te escolhi porque te admiro, Cabrinha! Você tem força pra viver com esse sol forte na cabeça, come o que tem pra sobreviver e não reclama. Ainda produz um leite bom que a gente toma e faz queijo. Eu achei que você ia gostar de passear pelo mundo. Bom, Fernando, essa conversa está boa mas estou querendo viajar de novo. Você poderia fazer outro livro para mim? Eu vou pensar, tá bom? Tchau, Fernando! Bééééééé! Tchau, cabra! Te chamarei para um próximo livro! Se o Fernando está mesmo pensando na Cabra para mais um lançamento? Isso ainda não sabemos. Mas aproveitamos para apresentar aqui uma outra história - que acaba de sair pela Brinque-Book. Desta vez, são os tigres que se aventuram por aí.
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“Um tigre, dois tigres, três tigres! Três tigres tristes listrados dos trópicos trafegavam num trator, enquanto traçavam três travessas com trocentos trigos trazidos de Trieste por triunfantes trovadores de trava-línguas!” Fernando Vilela e Nina Barbieri escreveram este divertido livro juntos. A ideia nasceu quando brincavam de falar rápido o famoso trava-língua dos tigres. Depois, resolveram continuar a história nos almoços diários. Para ilustrar o livro, Fernando usou lápis para desenhar, carimbo de borracha para fazer os coqueiros e o computador para colorir.

Os trava-línguas fazem parte das manifestações orais da cultura popular. O que faz as crianças repeti-los é o desafio de reproduzi-los sem erros. Entra aqui também a questão do ritmo, pois elas começam a perceber que, quanto mais rápido tentam dizer, maior é a chance de não concluir o trava-línguas com perfeição. Esse tipo de narrativa pode ser um bom recurso para trabalhar a leitura oral. Depois de Três tigres tristes, que tal pedir às crianças que pesquisem e tentem falar outros trava-línguas? E, por que não, que criem novos trava-línguas, aperfeiçoando assim a capacidade cognitiva e aguçando a criatividade?

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