Pais revelam infâncias em fotografias

01/12/2016

Nem bem o bebê nasceu e os pais já estão com a câmera na mão, prontos para o primeiro clique. E para muitos outros cliques depois, flagrantes de caretas, gracinhas e lambanças. Fotografar os filhos é um impulso natural de mães e pais, mas algumas famílias transformam até os registros mais corriqueiros em ensaios fotográficos que muito revelam da infância.

É o caso de Irmina Walczak e Sávio Freire, que imprimem nas fotografias da filha Yasmin um retrato de uma infância livre, em intensa relação com a natureza e sem contato com dispositivos tecnológicos e de entretenimento, como televisão, celular e videogame. As fotografias do casal trazem a pequena Yayá em momentos de brincadeira, com pés descalços, em banhos de mangueira em seu quintal.

As imagens vão virar livro, Retratos de Yayá, realizado por meio de financiamento coletivo. “A ideia foi fazer um registro para que ela pudesse se reconhecer e conhecer melhor sua infância”, conta a mãe. E é também, segundo o pai, uma forma de compartilhar o olhar deles para a infância.  “Queremos que o projeto toque outros pais”, diz Sávio.

Engana-se quem pensa que para fazer um registro especial dos filhos é preciso ter equipamentos sofisticados. Ali Jardine, dos Estados Unidos, cria fotos de seus filhos, Pippin e Gabe, usando apenas um celular e alguns aplicativos. A ideia surgiu nos muitos intervalos de espera dos filhos, entre aulas e outros compromissos infantis. Ela começou a aproveitar o tempo ocioso para criar efeitos especiais nas fotos. Foi assim que o cotidiano das crianças ganhou um tom de conto de fadas.

Fotógrafos profissionais como o alemão Fred Huning também se enveredam pelas narrativas familiares. Em diferentes séries fotográficas, ele retrata a feliz espera do bebê, os preparativos todos e o inesperado nascimento de um natimorto. Anos depois, com o nascimento de um outro bebê, adentra a relação afetuosa entre mãe e filho. Assim, debate questões da intimidade da maternidade em imagens que são tão particulares quanto universais.

Já a relação entre avós e netos foi captada pela polonesa Alina Gabrel-Kami?ska, que fez um sensível registro dos momentos entre seus filhos, Lenka e Thyme, e o avô Benek. Alina decidiu documentar algo que nunca viu Benek, seu pai, fazer: cantar e brincar com as crianças e, principalmente, estar presente em seu cotidiano. Resgatar no pai imperfeito o avô adorável foi o jeito que encontrou para fazer as pazes com o passado. Seus registros são também um diário visual que conta a história dos primeiros anos de vida dos filhos.

A americana Justine Kurland, conhecida pelas fotografias de pessoas em paisagens inóspitas nos Estados Unidos, encarou o desafio de registrar a vida nômade de seu filho, Casper, que, aos três meses, já estava na estrada, morando numa van. Todos os pertences da família cabiam ali, mas o mundo do menino abarcava momentos para colher estrelas no oceano Pacífico ou para escalar árvores em florestas do país.

O bom humor é a marca de Grace Chon ao fotografar o filho pequeno e a sua cachorra no ensaio intitulado Zoey + Jasper – A rescue dog and her little boy (Um cão salva-vidas e seu garotinho, em tradução livre). Grace Chon é especializada em clicar pets e, nas horas vagas, fotografa a própria cria. Como sinalizam as imagens, é diversão garantida entre a dupla.

Já os filhos do fotógrafo Tyler Orehek participaram de um projeto que foi mais longe na produção: resgata meticulosamente diferentes épocas históricas. Tudo é cuidadosamente planejado pelo fotógrafo – e posado com bastante paciência pelos filhos, Tyler e Lauren.

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