Histórias difíceis – e recomendáveis

19/04/2017

Relatos de guerra, migrações forçadas e situações de vulnerabilidade, entre outros desafios que povoam a história mundial, quando contados pelo olhar das crianças, ganham outras nuances. Na lista de livros que ganharam o selo de Altamente Recomendáveis pela FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil), as obras da Companhia das Letras que se destacaram são difíceis, mas também necessárias.

Na categoria “tradução adaptação jovem”, está O livro de Aron, traduzido por Caetano W. Galindo da obra original de Jim Shepard. A história contada é a da Segunda Guerra Mundial, mas pela perspectiva de um garoto que vive as seus dilemas no gueto de Varsóvia. Ele faz pequenos contrabandos para manter o sustento da família, antes de ser separado dos pais e levado a um orfanato.

Memórias por correspondência também ganhou o selo na mesma categoria. Escrita por Emma Reyes, a obra foi traduzida por Hildegard Feist. Autobiográfica, compila 23 cartas da autora, enviadas ao seu amigo Germán Arciniegas. Nelas, a artista plástica relata as dificuldades que sofreu em sua infância, na Colômbia. Reyes passou a juventude em um convento, onde sofreu por ser filha ilegítima. Deixou o lugar sem ao menos saber ler, o que não impediu que construísse sua reconhecida carreira artística anos depois, na França. A obra expõe não só a vida de Emma, mas toda uma hipocrisia dessa sociedade religiosa colombiana na década de 1930.

Já na categoria “tradução adaptação informativo”, o tradutor Paulo Geiger foi contemplado com o seu trabalho Para poder viver: a jornada de uma garota norte-coreana para a liberdade, escrito originalmente por Yeonmi Park e Maryanne Vollers. O enredo: a vida da própria Yeonmi Park, que fugiu de sua terra natal aos 13 anos para sobreviver. A narrativa conta as dificuldades da vida na Coreia do Norte, os perigos da travessia para a China até a Mongólia e a entrada na Coreia do Sul, onde, enfim, encontra a liberdade.

O livro mais otimista é teórico: escrito por Ana Maria Machado, Ponto de fuga: conversas sobre livros reúne 13 ensaios da renomada escritora. Eles abordam as nuances do mercado editorial, o papel dos professores nas escolas, a literatura infantojuvenil e o despreparo dos educadores nas redes de ensino, sem adquirir uma visão pessimista, mas mostrando avanços importantes. O prefácio é escrito por Marisa Lajolo, professora titular de Teoria Literária na Unicamp e pós-doutora pela Brown University, dos Estados Unidos.

A FNLIJ também levou à Feira Internacional de Bolonha 2017, que aconteceu em abril, sete livros do selo Companhia das Letrinhas. A seleção dos 23 jurados da fundação incluiu títulos como Chico Bento, 7 anos, A inacreditável história de 2 crianças perdidas, Pai, quem inventou?, As fantásticas aventuras da Vovó Moderna, Vou crescer assim mesmo - Poemas sobre a infância, Quem tem medo de Curupira? e Terremota.

No evento, também ganharam destaque Sem fim, com ilustrações de Marilda Castanha, e os vencedores da última premiação, que reconheceu a qualidade de Inês (melhor livro infantil e melhor projeto editorial), de Roger Mello e Mariana Massarani, Malala – A menina que queria ir para a escola (melhor livro de não ficção e autor estreante), escrito por Adriana Carranca e ilustrado por Bruna Assis, e O bobo do rei (melhor peça teatral), de Angelo Brandini, com ilustrações de Raul Aguiar.

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