Quando criança, Weberson Santiago era daqueles que começava a leitura de um gibi pelo fim, pelas histórias mais curtas. Dentre os personagens criados por Mauricio de Sousa, Horácio era o seu preferido. Tanto que um bonequinho do filhote de tiranossauro rex vegetariano, sempre sobre sua mesa de trabalho, inspira o ilustrador. Chegou a fazer um desenho aleatório do famoso dinossauro para testar um papel novo, despretensiosamente. Meses depois, foi convidado para ilustrar o livro O futuro do Horácio.
Horácio é conhecido como um personagem autobiográfico de Mauricio de Sousa – é o único cujas histórias são criadas exclusivamente pelo quadrinista. “Sinceramente achava que nunca outra pessoa pudesse desenhar o Horácio. O fato de essa pessoa ter sido eu é inacreditável”, conta.
O lançamento integra a coleção de personagens da Turma da Mônica ilustrados por outros artistas. Odilon Moraes deu cara nova à Mônica (Mônica é daltônica?), Elisabeth Teixeira ilustra uma história premiadíssima de Mauricio de Sousa (Os azuis) e a ilustradora pernambucana Rosinha recriou o caipira da turma (Chico Bento, 7 anos).
No livro, Horácio encontra numa caverna mágica um velho dinossauro vidente, que faz a surpreendente revelação de que toda a espécie do T-rex vai desaparecer do planeta. Ele fica tristonho no início, mas, quando encontra uma espécie diferente em perigo, resolve entrar em ação. A história em quadrinhos foi criada em 1971.
Processo
Weberson conta que tinha um ano para fazer o livro, mas que, de tanta empolgação, terminou o trabalho em três semanas. Uma foi dedicada ao desenho do rascunho em lápis, e as outras duas, à pintura das pranchas em aquarela sobre papel a lápis de cor. Os outros onze meses foram de espera e pura ansiedade, para que o livro entrasse na etapa de produção gráfica.
Personagem
Por ter intimidade com o personagem e já ter desenhado o dinossauro diversas vezes durante a infância, o ilustrador conta que não sentiu necessidade de modificá-lo, já que o considera muito bem resolvido graficamente. Só resolveu deixá-lo um pouco mais arredondado. “Imagino que só o fato de usar aquarela já daria uma nova cara ao personagem, sem causar qualquer estranheza por parte de quem acompanha o personagem. A aquarela tem essa capacidade de suavização por si só, por isso escolhi essa técnica para o livro.”
Respingos
Antes acidentais, os respingos ganharam um sentido especial depois que Weberson conheceu o trabalho do artista inglês Ralph Steadman, reconhecido pela utilização da técnica do respingo. Depois disso, esse uso de Weberson passou a ser parte acidental, parte proposital, como ele mesmo admite. “Na maioria das vezes, posso dizer que são acidentes propositais.”
?Cenário
O artista conta que se sentiu mais livre para a elaboração dos cenários, que poderia explorá-los mais graficamente, já que não seria necessário alterar o personagem. “Cada cor vai guiar a construção da atmosfera gráfica e ajudar a conduzir o leitor a mergulhar no universo individual de cada livro, cada história”, explica. A escolha pelas cores buscam as características de nostalgia e introspecção do personagem.