
Jornada Pedagógica 2025: a escola forma leitores?
O papel de bibliotecas e políticas públicas de valorização do livro foi destaque e Maria Valéria Rezende apontou caminhos para formar leitores na escola
Educar para evitar a barbárie. O que isso tem a ver com livros? Imagem: Pequenas histórias para grandes curiosos, de Marie-Louise Gay
Aprecio bastante a ideia do filósofo alemão Theodor Adorno sobre educar, segundo quem educação serve para que Auschwitz não se repita. Perguntar para que serve a educação parece algo desprovido de sentido, uma vez que educar, especialmente no aspecto formal do termo, é um valor consolidado no tempo em que vivemos - falamos sobre educação, discutimos a qualidade da escola, denunciamos decisões do poder público que nos parecem equivocadas e, principalmente, defendemos o direito de educação para todos. Mas a educação a que se referia Adorno, considerado por muitos, especialmente pelos que não o leram, um filósofo elitista e ultrapassado, se referia a um processo de formação que criasse as condições para que compreendêssemos o tempo, o espaço e as relações que estabelecemos com outras pessoas e grupos, pelo acesso e apropriação de bens culturais. Por isso, o filósofo entendia o processo educativo, sempre inacabado e em marcha, como a exigência de que o horror dos campos de concentração não pudesse se repetir. Conscientes e atentas às maneiras como as relações sociais e de interesse se estabelecem, as pessoas estariam mais preparadas para rejeitar a barbárie e as injustiças. Ainda, seriam mais críticas frente às informações que circulam, muitas vezes compostas de malabarismos para validar os interesses de um grupo. --"O filósofo entendia o processo educativo, sempre inacabado e em marcha, como a exigência de que o horror dos campos de concentração não pudesse se repetir
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Parece-me que as ideias adornianas são bastante atuais e pertinentes para refletir sobre o que vivemos no Brasil e no mundo hoje. Até mesmo Auschwitz, que nos parecia algo distante, anda rondando as nossas vidas. Para além da referência concreta ao nazismo, há outros horrores que povoam o nosso cotidiano e que invadem, sorrateiramente, a nossa vida pública e privada. Refiro-me ao obscurantismo, muitas vezes vendido como liberdade de expressão e autenticidade, que valida visões de mundo racistas, machistas, homofóbicas e de manutenção de privilégios econômicos - porque ao fim e ao cabo, lá estão os interesses econômicos.Mais que histórias bonitas e divertidas para passar o tempo com e dos pequenos, os livros (texto, ilustrações, formatos) são feitos de ideias
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Em contato com os livros e a leitura, desde muito pequenas as crianças começam a participar da cultura escrita. E começar cedo aqui não quer dizer sair na frente para competir, mas contar com mais horizonte para denunciar a barbárie e pensar a justiça autonomamente. Para evitar que não dependamos de outros que nos apontem o rei nu e para garantir que Auschwitz e outros horrores não se repitam. --- Fabíola Farias é graduada em Letras, mestre e doutora em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Realizou estágio pós-doutoral em Educação pela Universidade Federal do Oeste do Pará e é leitora-votante da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).O papel de bibliotecas e políticas públicas de valorização do livro foi destaque e Maria Valéria Rezende apontou caminhos para formar leitores na escola
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