Que resposta daria à pergunta "Quem é você"?. A ilustradora Janaina Tokitaka, 32 anos, respondeu com um desenho, ao qual se seguiu uma deliciosa conversa composta de textos, palavras, fotos, ilustras. Colocou para conversar múltiplas formas de expressão, assim como faz nos seus livros, em cujas histórias viajam, aprendem, se encantam e refletem (-se) adultos e crianças.
Seu traços, letras, técnicas e cores povoam as páginas tanto de livros em que assina texto e ilustrações, a exemplo de
Aquarela,
Eu e de
Coelhos Lunares, da Brinque-Book, quanto nas obras em que divide a autoria com outros colegas -como Ilan Brenmann, com quem realizou
O Nariz da Cris.
Formada em Artes Plásticas pela ECA-USP, Janaina é dona de um traço profundo e alegre, delicado e cheio de camadas, colorido e marcante. Inconfundível. Começou sua carreira em 2005, como colaboradora da
Folhinha, extinto suplemento para crianças do jornal
Folha de S. Paulo. No mesmo ano, ilustrou seu primeiro livro infantil e não parou mais. Ainda bem.
Ela topou participar do primeiro
Brinque-Book Brinca de 2018, respondendo-brincando (com) as mesmas 10 perguntas de sempre, mas com respostas que não deixam dúvidas sobre por que é considerada uma das mais importantes ilustradoras brasileiras.
Quem é você?
Quem faz livros é o quê?
Como é o lugar em que você trabalha?
Eu desenho na garagem. A garagem é um pouco dentro de casa e um pouco fora, o que eu acho um bom equilíbrio para trabalhar. Meus materiais ficam sempre no mesmo lugar, ou pelo menos tento deixar assim. Além do que uso para desenhar, sempre tenho uma xícara de café, um docinho e um creme de mãos espalhados pela mesa.
Quais são suas técnicas prediletas para desenhar, escrever, ilustrar e imaginar?
Para desenhar:
Para escrever:
pode parecer estranho, mas quando estou escrevendo, eu nunca termino o dia de trabalho com um ponto final no parágrafo. Deixo sempre a frase pela metade. No dia seguinte, só tenho que completar o que eu já estava pensando. Isso faz aquela sensação terrível de olhar para a página em branco desaparecer.
Para ilustrar:
Como é que você tem uma ideia para escrever ou desenhar? E como tira ela da cabeça e coloca no papel?
Idéias todo mundo tem, várias e o tempo todo! As que eu escolho pra colocar no papel são justamente as que não me deixam em paz e ficam insistindo em aparecer, todos os dias, na minha cabeça. Coloco elas de qualquer jeito no papel, sem pensar muito, e depois fico arrumando de várias formas, até parecer que elas finalmente ficaram do jeito certo.
Qual foi a ideia mais brincante que você teve e que virou livro?
A idéia de uma árvore gigante dentro de uma biblioteca. Virou o A Árvore - Os três caminhos, da Escarlate.
Seus lápis e cadernos brincam com você?
Sim, principalmente quando eu percebo que eles estão trabalhando demais. Todo mundo tem direito de brincar de vez em quando.
Quando não tem ninguém olhando, do que você brinca? E quando tem alguém olhando?
Hoje em dia, quase sempre tem um par de olhinhos azuis me olhando. Eles pertencem à minha filha Rosa, de um ano e meio. Então, quando eles não estão por perto, eu brinco de escrever e desenhar histórias para crianças. Quando eles voltam a me olhar, nós duas brincamos de comidinha, fantoche ou de empilhar pinos coloridos.
Em que momento, lugar, clima, hora do dia ou posição você mais gosta de ler, escrever ou desenhar?
O que você mais gostava de ler quando criança? Mudou muito para os dias de hoje?
Todos os meus livros preferidos tem algum tipo de mistério, alguma coisa escondida para o leitor descobrir. Pode ser uma história policial, um livro de João Guimarães Rosa ou um conto de fada, mas o arrepio de contentamento que esses mistérios me proporcionam é exatamente o mesmo que eu sinto desde criança!
(((Já brincaram com a gente:
Fernando Vilela,
Ilan Brenmann e
André Neves))).