"Conheço um soldadinho
que não gosta de guerra.
Adora festa,
cheiro de terra,
barulhos da floresta.
[...]"
É de forma leve e divertida que o poeta Lalau escolhe falar dos animais da fauna brasileira às crianças. O poema acima foi escrito sobre o soldadinho-do-araripe, pássaro que é ameaçado pela ocupação humana nas florestas da Chapada do Araripe, mas a lista é extensa. Só em Bebês brasilerinhos, novo livro do escritor, também são retratados a sucuri-verde, que "Come, come, / come bastante, / até virar / uma cobra gigante!", e o veado-bororó, "Delicado / como asas de borboleta. Tão inocente / quanto filhote de passarinho", entre outros. Falar da preservação do meio ambiente às crianças há mais de duas décadas é a bandeira do escritor, que trabalha há mais de 20 anos com a ilustradora Laurabeatriz. Desde o lançamento de Bem-te-vi (1994), todos os livros dos autores abordam de algum modo essa temática ambiental.
Foi no início dos anos 90 que surgiu o interesse de Lalau em escrever versos para crianças. Na época, tinha como forte referência e inspiração José Paulo Paes, autor de clássicos como A revolta das palavras, Ri melhor quem ri primeiro e Um número depois do outro. Enviou, então, alguns de seus poemas para Paes, que de pronto os encaminhou diretamente para a Companhia das Letrinhas. As ilustrações de Laurabeatriz foram indicação da própria editora. Escolha mais do que acertada, pois a parceria perdura desde então. Juntos, eles têm mais de 50 obras publicadas, por diversas casas editoriais brasileiras.
O livro da vez é Bebês brasileirinhos, publicado originalmente pela editora Cosac Naify, e que sai agora pela Companhia das Letrinhas. Último de uma série de cinco obras (incluindo os títulos Brasileirinhos, Mais brasileirinhos, Bem brasileirinhos e Novos brasileirinhos), o livro traz aos pequenos poemas relacionados aos filhotes brasileiros, como o papagaio-verdadeiro, que "Aprendeu a voar / quando ouviu / de seu pai / a palavra 'vai'.". Os poemas vêm acompanhados de textos informativos, com dados sobre o modo de vida e seu risco de extinção.
"[As crianças] ficam animadíssimas, sugerem outros animais, continuam a pesquisa", conta Laurabeatriz, sobre o contato que tem com seus leitores em visitas às escolas. "A gente trata o assunto de uma forma bem leve, poética, colorida, acessível à criança, para que ela comece a ter as suas próprias considerações sobre o tema e que possa ajudar de alguma forma", completa Lalau.
Confira no vídeo acima uma prosa com a dupla Lalau e Laurabeatriz.