Milton Célio: as ideias são como as visitas inesperadas, chegam assim sem mais nem menos

06/03/2018
O Caso das Bananas, projetado inicialmente para ser um jogo, foi o primeiro livro de Milton Célio de Oliveira Filho publicado pela Editora Brinque-Book. Lançado em 2003, com ilustrações da Mariana Massarani, o suspense contava a história de um macaco cujas bananas despareceram sem deixar rastro. A coruja, chamada a investigar, a cada página recebia uma nova pista, desvendada junto com os leitores, que, a essa altura, também se convertiam em detetives. Sucesso de público e crítica - foi premiado pela FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) com o selo Acervo Básico -, O Caso das Bananas foi sucedido por uma série de outros livros igualmente bem sucedidos que têm no mistério e nos temas intrigantes da natureza o ponto de partida da narrativa. Por exemplo, em O Caso da Lagarta que Tomou Chá de Sumiço, parceria com André Neves, Milton Célio parte da transformação das lagartas em borboletas, que sempre provoca a curiosidade das crianças, para escrever uma obra de suspense a partir da repetição e participação ativa do pequeno leitor na resolução do mistério. Com a também premiada ilustradora Elma, escreveu o lírico Chin Chan Chun, sobre um reino pequeno, bem pequeno, minúsculo - mas repleto de muitas grandezas. Ele, para quem "não há técnica para imaginar", é o convidado deste Brinque-Book Brinca.  Quem é você? Um escritor de livros infantis, que já foi professor de português, inventa jogos e brinquedos pedagógicos e atua como Procurador da Fazenda do Município de Itapevi, em São Paulo. Quem faz livros é o quê? Um sonhador que acredita que possa deixar histórias para a posteridade. [caption id="attachment_4166" align="aligncenter" width="415"] "Chin, Chan, Chun" / Texto: Milton Célio de Oliveira Filho; Ilustrações: Elma.[/caption] Como é o lugar em que você trabalha? Escrevo em um cantinho da casa que transformei em escritório. Meu computador fica em frente a uma prateleira cheia de livros, canetas, lápis, um ventilador e algumas folhas em branco, que uso para rabiscar ideias antes de começar a escrever. Quais são suas técnicas prediletas para desenhar, escrever, ilustrar e imaginar? Para imaginar não existe técnica. Basta deixar a mente voar como se fosse um bando de borboletas. Minhas ideias surgem daí. Depois que a história fica pronta, gosto de lê-la e relê-la muitas e muitas vezes em busca de um detalhe qualquer que possa ser melhorado. Como é que você tem uma ideia para escrever ou desenhar? E como tira ela da cabeça e coloca no papel? As ideias são como visitas inesperadas, que chegam sem mais nem menos. Por isso tomo muito cuidado ao recebê-las, pois elas podem sumir a qualquer momento. Assim, se estou preso a outras atividades, trato de anotá-las em algum lugar para não perdê-las de vista (serve até guardanapo de papel). Mais tarde vejo se posso usá-las em algum novo projeto.

"Quando alguém está me olhando, brinco de sorrir. Acho que sempre é bom sorrir para quem nos olha."

  Qual foi a ideia mais brincante que você teve e que virou livro? Além de me ocupar da literatura infantil, há muito tenho me dedicado a inventar jogos e brinquedos. “O Caso das Bananas”, meu livro de estreia na Editora Brinque-Book, nasceu para ser um jogo de entretenimento. Na última hora, resolvi “testá-lo” como um livro de suspense para crianças. E não é que deu certo? Seus lápis e cadernos brincam com você? Sim! Os lápis sempre brincaram de desenhar comigo, levando minha mão para lá e para cá sobre a folha de papel. Embora eu não seja ilustrador, tenho o hábito de desenhar enquanto desenvolvo novas histórias. Entretanto, para escrever, prefiro brincar com as teclas do meu computador. Quando não tem ninguém olhando, do que você brinca? E quando tem alguém olhando? Quando ninguém me olha, brinco de olhar o mundo lá fora: o movimento das ruas, as cores do céu, uma pessoa passando na calçada, um passarinho no fio elétrico (tem muita coisa por aí para olhar e brincar). Quando alguém está me olhando, brinco de sorrir. Acho que sempre é bom sorrir para quem nos olha. Em que momento, lugar, clima, hora do dia ou posição você mais gosta de ler, escrever ou desenhar? Gosto de escrever quando a noite começa a cair, no frio ou no calor, chovendo ou não, sentado em frente do computador. É um hábito antigo e raramente troco o lugar. [caption id="attachment_4167" align="aligncenter" width="415"] "O Caso das Bananas" / Texto: Milton Célio de Oliveira Filho (texto) e Mariana Massarani (ilustrações)[/caption] O que você mais gostava de ler quando criança? Mudou muito para os dias de hoje? Na infância, lia histórias em quadrinhos (super-heróis) que, na minha época, eram chamadas de gibi. Na adolescência, passei a ler tirinhas de jornal (como as do viking Hagar, o Horrível) voltadas para o público adulto. Completava o cardápio com a poesia de Drummond, João Cabral de Mello Neto e muitos livros de suspense. Meu gosto pouco mudou para os dias de hoje. >>Já brincaram com a gente:  Fernando Vilela, Ilan Brenman, André Neves , Janaina Tokitata e Patricia Auerbach
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