Verdade, imaginação e mentira são postos em questão neste livro divertido

13/03/2018
A mãe de Arthur foi clara: ele não poderia usar a bicicleta do irmão mais velho. Mas, todo mundo já foi criança e sabe como é, Arthur não resistiu. Teria sido só uma voltinha, não fosse um pequeno incidente. No passeio, Arthur acabou riscando o carro estacionado em frente de sua casa. A partir daí, Arthur e a Verdade tomam caminhos quase opostos. Para disfarçá-la, o menino recorre à imaginação e a histórias cada vez mais fantasiosas e mirabolantes. Com muito bom humor e delicadeza, o irreverente livro A verdade segundo Arthur, do inglês Tim Hopgood, ilustrado pelo premiado conterrâneo David Tazzyman, aborda temas muito relevantes para a infância. Uma mentira pode ser boa? Ou má? Qual é a diferença entre imaginação e mentira? A verdade pode ser imaginada também? Como lidar com as consequências das nossas escolhas? Quais os limites éticos que delineiam as fronteiras entre verdade, mentira, imaginação? Sensível, a obra não julga Arthur, ao contrário, expõe sua perspectiva e nos faz perceber que, por trás de uma mentira também bate um coração. Será preciso sempre ser duros e rígidos para compartilhar valores éticos com os pequenos -ou podemos agir na base do afeto para clarear as fronteiras entre é o que ou não aceitável eticamente? Os recursos visuais complementam sentido e mensagem da obra. Enquanto a realidade é construída em tons de branco e cinza, a mentira é colorida; a verdade, por sua vez, é cinza, pequena, murcha, tímida. Para conversar em casa ou em sala A arte fala da vida, e sempre enseja conversas. O livro, com muito humor, oferece uma excelente oportunidade de trabalhar temas relacionados à mentira, ética e imaginação. O que as crianças entendem por mentir? Será que acham que toda mentira é danosa? Abrir para questionamentos, regras de casa e histórias pessoais será uma maneira divertida – e filosófica – de tratar o assunto. O livro é rico em recursos de expressão.  Figura das mais interessantes é a Verdade, cinza, tímida, quase uma sombra de Arthur. Como as crianças imaginariam essa personagem?
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