5 dicas de como ler para crianças com Kiara Terra, Fafá Conta e Francine Brandão

28/06/2018
Há muitos bons motivos para ler para as crianças. Aumenta o vocabulário dos pequenos, facilita a alfabetização quando chegar a hora, ajuda a ampliar referências para a compreensão do mundo e dos próprios sentimentos, é a melhor estratégia conhecida para formar leitores. [caption id="attachment_2625" align="aligncenter" width="415"] Bibioteca??? / Texto: Lorenz Pauli / Ilustrações: Kathrin Schärer[/caption] A principal razão para ler para elas, no entanto, é que é uma delícia: aproxima adultos e crianças, cria vínculos, é mais uma oportunidade para desfrutar um tempo de qualidade com os pequenos e pode ser muito divertido e prazeroso para todos os envolvidos. "Quando leio para minhas  filhas, minhas sobrinhas, me emociona muito pensar que elas estão contando a história delas na vida, que elas estão escrevendo uma trajetória e que, à medida que eu conto histórias para elas, eu dou elementos e alimentos para que elas consigam elaborar a história delas", diz a contadora Kiara Terra. O Blog da Brinque ouviu três contadoras de histórias das ótimas - além de Kiara Terra, também Fafá Conta e Francine Brandão - e mais uma dezena de mães para compartilhar aqui, neste 5 dicas de, inspirações para você ler mais - e com ainda mais prazer e afeto - para as crianças da sua vida. 1) Leia o que te encanta e apaixona: para encantar uma plateia exigente como são os pequenos leitores, é preciso que o desejo de compartilhar aquela história seja genuíno, que venha de um encantamento do adulto com o que está lendo. "Escolha histórias de que você goste, com as quais se identifique", recomenda a atriz e contadora de histórias Flávia Scherner, a Fafá, do canal Fafá Conta. Claro que é importante ouvir dicas e recomendações, trocar ideias com outros leitores e com atendentes das livrarias, buscar informações em veículos especializados, estar atento a premiações, publicações. Esse caldo ajuda a melhorar as escolhas. Mas a palavra final é sempre do leitor - do adulto e da criança -, baseado sobretudo nas emoções que cada obra desperta. 2) Conheça seu público: na hora de escolher o título para ser contado, é essencial saber o que empolga as crianças. São bebês que gostam de cantigas, rimas, repetições? São maiorzinhas e estão animadas com contos de fadas, histórias de acumulação, fantásticas? Ou preferem aventura? Humor? São mais introspectivas e curtem contos mais sensíveis? O que faz sorrir a seus pequenos ouvintes? Deixe as crianças escolherem: é só escolhendo que se aprende a... escolher. É possível, claro vetar títulos e fazer combinados. Por exemplo, a jornalista Tati Cotrim, mãe de dois, um menino de 5 e uma menina de 2, lê os livros mais animados e excitantes ao longo do dia; à noite, só valem as obras tranquilas. 3) Resgate memórias, afetos, a tradição oral: "como diz um professor meu, somos fabuladores por natureza", explica a contadora Francine Brandão. Historietas do cotidiano - um relato de viagem, um "causo", uma conversa entreouvida de criança - animam a compartilhar e geralmente fazem ouvintes. Na hora de contar um livro, vale resgatar essa oralidade, um jeito de organizar a narrativa, de escolher pontos mais "saborosos" para dar mais ênfases, momentos em que cabe um suspense ou uma pausa para gerar ansiedade ou riso... Também pode ajudar relembrar de narrativas orais que mobilizaram o leitora adulto em sua infância. Quem era a pessoa que contava causos para você? Não precisam ser livros propriamente, mas todo mundo tem alguma história de família que lhe foi narrada pelos pais, tios, avós, pela vizinha... Entrar em contato com o prazer e a "gramática" desse momento enriquece a narrativa de qualquer obra. [caption id="attachment_3581" align="aligncenter" width="395"] "Onde começa a história"/ Marie-Louise Gay (texto e ilustrações)[/caption] 4) Ler antes pode ajudar: essa não é uma dica unânime, por isso entra aqui com esse "pode". Para alguns, é bacana que o adulto tenha lido a obra antes de contá-la para saber tudo dela e da relação do narrador com aquela história. Quer dizer, tendo lindo antes, o contador conhece os pontos de suspense, os de humor, descobre as partes que mais lhe tocam, vê onde e como vai colocar ênfase, em que ponto pode interromper a narrativa, quais trechos devem agradar mais à sua audiência. Por outro lado, há quem defenda que descobrir esses "pontos altos" junto com as crianças, enquanto se lê, pode empolgar mais a ambos do que o domínio - digamos - mais "técnico" das emoções trabalhadas ao longo da narrativa. Não há receitas, vale tentar dos dois jeitos e, inclusive, não assumir previamente nenhum deles. Para cada situação, título, audiência, tempo disponível pode dar mais samba uma forma ou outra. 5) Encontre sua voz e sua entonação: como você gosta de ler? De que jeito se sente mais confortável? É do tipo que faz vozes diferentes para cada personagem? Ou prefere assumir um tom mais uniforme na narrativa? A dica, aqui, é encontrar o seu jeito, a forma como fica à vontade e como se diverte mais com a contação. Para Fafá, é importante, no entanto, dar alguma modulação à voz, mudar de entonação e de voz para que a leitura não fique entediante. Sentir o ritmo da narrativa ajuda. Por exemplo, em um livro de poesia, as rimas podem criar uma musicalidade gostosa de explorar. A ideia não é ser cantor ou ator, mas se divertir experimentando uma leitura mais fluida. Ilustra é texto Importante: ilustrações são texto, são história, são narrativa. Se o adulto for contar ou ler com o livro em mãos, é bacana deixar a criança olhar e explorar as imagens. Muitas vezes, são as ilustras que complementam o sentido do texto e, sem elas, a narrativa seria outra. O clima certo Francine Brandão sugere também criar um clima no local onde a história será contada. Meia-luz, almofadas e tecidos aconchegantes, todo mundo juntinho e, de preferência, sem telas por perto, nem tablets, nem celulares, muito menos TVs. Outra dica é manter sempre os livros à mão das crianças e, preferencialmente, com as capas viradas para fora, de modo que os pequenos possam identificar as obras com facilidade e escolher. Se, enquanto o adulto lê, as crianças pequenas começaram a passear pelo ambiente, tudo bem: elas expressam emoções com o corpo, e muito animação com as história pode lhes dar vontade de andar por aí. Confira dicas em vídeo da Kiara Terra A contadora Kiara Terra compartilhou com a gente suas dicas - na íntegra - em vídeos, que gentilmente gravou para o Blog da Brinque. Assista abaixo: >>"Contar em voz alta é colocar a criança no mundo" [embed]https://youtu.be/dEdUz-zaWms[/embed]   >>"Não deixem de brincar!" [embed]https://youtu.be/9HxN64XmTb0[/embed]   >>"Gosto de contar do final, fazer replay das cenas mais legais, mudar de voz" [embed]https://youtu.be/ryelg4XQtTA[/embed]
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