O novo livro de Patricia Auerbach, Blandina Franco e José Carlos Lollo começa de um jeito diferente. Ao abrir
A queda dos Moais, o leitor encontra a ilustração de um folheto de oferta de pacotes de viagem. É pela peça publicitária desenhada por Lollo e com texto da dupla Patricia e Blandina que o trio nos apresenta o mote da história sobre a família de Joaquim.
Na sequência, uma HQ nos apresenta um diálogo e a decisão das personagens de topar a oferta e viajar para a misteriosa Ilha de Páscoa, sob protestos de Joaquim, o filho pré-adolescente.
Mas é só na página que vem a seguir que vamos descobrir, por uma matéria ficcional de jornal, onde fica a Ilha de Páscoa, sua história e o mistério que vem envolvendo a queda das gigantes estátuas -os Moais- de cara na areia. Sim, as esculturas enormes feitas pelo povo Rapa Nui tombaram misteriosamente, lemos no jornal da família.
Uma troca de e-mails entre a avó e Joaquim nos atualiza do andamento do passeio, e uma divertida conversa pelo aplicativo de mensagem instantânea do celular faz a narrativa avançar.
Não há narrador nesta história. Só fatos e diálogos, que são apresentados sob diversos gêneros textuais, da clássica carta ao contemporâneo celular; das placas de aviso ao álbum de fotos; da HQ ao folheto, além das ilustrações que abrem abrem as três partes de
A queda dos Moais: antes, durante e depois.
"Nós partimos da vontade de usar vários gêneros textuais, mas queríamos fugir do formato de narrador que amarra todos os textos. Então, decidimos abolir o narrador e ver no que dava. A coisa foi surgindo com textos soltos, sem a gente ter certeza de que eles, sozinhos, iam virar um livro. Quando percebemos que dava para criar a narrativa dessa forma, preenchemos um ou outro buraco com as informações que faltavam e pronto", contou Patricia Auerbach ao
Blog da Brinque, no
Papo Brinque-Book.
>>Neste sábado, 8/12, o trio estará na livraria
Lugar de ler, a partir das 10h, em Santo Amaro, lançando o livro. A livraria fica na rua Capitão Otávio Machado, 259.
Com muito bom humor, diversas tiradas cômicas e muitas formas de se contar uma história, a obra explora bem os diferentes textos e suportes e, além disso, uma característica da leitura dos nossos tempos, em que, acostumados com os fragmentos que se publicam nas redes sociais, concluímos o todo pela soma das partes.
Ao final da obra, há um índice catalogando os gêneros textuais que construíram a narrativa cheia de aventura, humor e mistério.
Joaquim, o protagonista, é um pré-adolescente típico: com aquele mau-humor que esconde a o desconforto por estar crescendo. Identificação instantânea. Os desafios do crescimento e como as crianças reagem a ele é também tema da obra.
Patricia é autora premiada -foi duas vezes finalista do
Jabuti- e ilustrou e escreveu, pela
Brinque-Book e
Escarlate, títulos como
Patacoada, recém-selecionado pela FNLIJ para o
Acervo Básico, a série
O jornal,
O lenço e
A garrafa.
Já o casal Blandina e Lollo estreiam no
Grupo Brinque-Book com essa obra. São autores de obras premiadas como
A raiva (Pequena Zahar) e o divertido
Quem soltou o pum? (Companhia das Letrinhas).
[caption id="attachment_5526" align="aligncenter" width="300"]
"A queda dos Moais" / Blandina Franco e Patricia Auerbach (texto) e José Carlos Lollo (ilustrações)[/caption]
>>Leia mais sobre eles e
A queda dos Moais neste delicioso
Papo Brinque-Book
>>Patrica já brincou com a gente no
Brinque-Book Brinca.
>>Aqui e aqui resenhas de obras da autora:
A garrafa e
Já sei ler, respectivamente.
Em casa ou na sala de aula
A queda dos Moais dá pano para a manga de boas conversas. A característica de Joaquim como um pré-adolescente entediado e que começa a achar chatas as viagens em família pode ser uma delas. Voltado para a faixa-etária de 8 a 12 anos, o leitor certamente vai se identificar com o menino. Qual foi a viagem mais sem noção que a família do leitor fez?
No livro, há um grupo de pais com ideias, digamos, estranhas de viagem. Chama-se PasNo, dos Pais Sem Noção que levam os filhos para a Ilha de Páscoa ou para uma longa estadia em cidadezinhas visitando Igrejas Barrocas. O que seriam viagens dignas de estar num clube como o PasNo?
Onde fica a Ilha de Páscoa? E como viviam os Rapa Nui? O que os Moais podem ser? As crianças acreditam que possam ter sido feitos por ETs? E os pais? Acreditam?
No tema gêneros textuais, é possível brincar de identificá-los e, ao mesmo tempo, ajudar as crianças a refletirem no formato ágil de narrativa sem narrador. O que acharam de acompanhar uma história todinha co-criando os fatos ao ler diversos tipos de linguagem sem um "resumo", uma "amarração"?
E o que será que aconteceu com os Moais? Se você fosse Joaquim, para onde viajaria feliz?