"O guarda-chuva", um livro para viajar nas imagens

17/01/2019
Estreamos hoje uma seção nova aqui no Blog da Brinque, com os livros que a gente ama e indica. A cada semana, escolhemos uma obra e contamos para você o que a gente acha que ela tem de especial e a leitura que fizemos dela. O livro que inaugura a seção é um convite ao mundo das imagens que contam histórias, ao mundo dos livros-imagem. Vamos de carona em O guarda-chuva, do casal alemão Ingrid e Dieter Shcubert. Sem palavras, a narrativa é toda encadeada pelas lindas aquarelas da dupla. Já na capa a gente vê a força expressiva dos desenhos: com cores vibrantes e uma certa tensão (de onde vem um cachorro doméstico, num guarda-chuva, chegando numa savana?), a gente não tira os olhos dessa ilustra, em página dupla, como todas do livro.

*MAIS QUE MIL PALAVRAS

Um livro-imagem é aquele que conta a história sem o uso da escrita. Todos os acontecimentos são narrados por intermédio das ilustrações e das relações de uma imagem com as outras

  A história começa já na guarda, o nome técnico que se dá para o lado de trás da capa, logo que a gente abre o livro. Repare que é na guarda que o cachorrinho, simpático protagonista da nossa aventura, encontra um guarda-chuva vermelho (acima). Enquanto ele pega seu novo utensílio, um gato observa a cena. Depois, passadas as páginas de rosto (com nome e informações do livro), o cachorrinho ressurge já em meio a uma ventania. Então entendemos a função e o sentido da ilustra na guarda. Levado pelo vento, o cachorro, assustado, não tira os olhos do gato, que ficou lá embaixo, pequenininho... Mas o susto dá lugar ao prazer de andar sobre as nuvens (repare como a expressão nos olhos do protagonista mudou) e, depois, cair delas direto na savana africana (Note o "buraquinho" na nuvem, que liga uma cena à outra, na imagem abaixo). As cores vibrantes e as ilustrações aquareladas da dupla alemã vão dando, a cada página, a dica do próximo destino do nosso protagonista, amarrando a narrativa e criando situações divertidas e inesperadas (como aquela em que ele sai da selva). Com o guarda-chuva, o cachorrinho não apenas viaja, mas se adapta às situações que surgem ao longo da jornada que o leva da savana para o mar, do mar para as profundezas do oceano, de lá para a praia... Assim, o objeto vermelho ora afugenta jacarés, ora serve de esqui ou de prancha de surfe. As crianças se identificam com isso, pois também transformam objetos em muitas coisas diferentes quando brincam, ao sabor da imaginação. Sem sair do lugar, os pequenos também viajam da savana ao Polo Norte num piscar de olhos -ou num virar de página, como neste livro. Livre-associação de ideias e imaginação contidas em altas doses nessa obra encantam os pequenos. Não é desse modo que elas também criam suas narrativas? Sem palavras, a obra vai nos dando a possibilidade de criar uma narrativa, inventar personagens... E fazer isso com as crianças. Uma forma bacana de ler com os pequenos é deixá-los observar livremente e, se eles quiserem, pedir que contem o que estão vendo. É sempre surpreendente. Outro ponto que amamos: a cada nova olhada, reparamos num detalhe que ainda não tínhamos visto. Ora é um olhar revelador do cachorro, ora é um detalhe da ilustração que passou despercebido, ora é um cor que acrescenta sentido à história... O guarda-chuva é dessas obras que se ampliam conforme lemos. Conhecidos justamente pelo olhar cuidadoso com os detalhes e pela expressão de suas aquarelas, Ingrid e Dieter Shubert têm livros publicados em mais de 21 países, moram na Holanda, são premiados e bem populares por lá. Falando em detalhes -e sem dar spoiler-, repare em quem o cachorro encontra na volta para casa e note que a ilustra que encerra o livro é exatamente o contrário da que começa. No finalzinho, tem uma surpresa: o que será que vai acontecer com o guarda-chuva vermelho? Se você já leu esse livro, conte para a gente sua experiência, suas impressões e qual foi a sua leitura dele nos comentários!  
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