E isso vale ainda mais para as crianças, porque elas dominam melhor as linguagens artísticas, metafóricas e sensíveis
De acordo com a psicóloga Danielle Rossini, do canal Bom pra Cuca, as crianças sentem diversas emoções desde muito, muito pequenas. Experimentam a expressão física dessa emoção, e isso independe da vontade delas. Só depois de sentir é que o cérebro vai agir sobre e interpretar o que foi sentido. Essa interpretação, explica ela, vai variar de acordo com as experiências vividas, com a forma com que lidamos com situação semelhante anterior, com como eu vejo os outros lidarem com isso e com a forma como me ensinaram a manejar com essa emoção. Danielle defende que nós, adultos, somos os tutores das crianças nesse camino de aprendizado de manejo das emoções, o que é bem difícil para elas. Afinal, elas nunca fizeram isso antes e têm pouquíssima experiência para balizar sentimentos tão fortes e básicos como medo, raiva, alegria, nojo... Ajudar a criança a se regular -- nosso papel -- também não é fácil, porque essa regulação é um desafio enorme para os adultos também e porque, como já elaboramos uma série de sentimentos que as crianças ainda estão aprendendo a sentir, não é fácil nos colocarmos no lugar delas e percebemos que, para elas, aquilo não é uma "bobagem". Nesse processo, a arte sempre pode fazer a ponte entre nosso olhar adulto e o delas. "É importante acessar o universo da criança pela linguagem dela, para entender o que ela quer dizer e para que ela entenda. A história é o grande veículo para facilitar isso. A criança vai acompanhando a ação das personagens e elaborando", diz Danielle.Toda emoção é digna
Muitas vezes aquele tema difícil é tudo o que nossos filhos precisam para elaborar os medos, conversar sobre situações e fato desagradáveis, expressar uma angústia... Não há melhor formar de acolher nossas crianças e ajudá-las com nossas ideias e visões de mundo do que quando elas nos contam como se sentem. E quando fazem isso no nosso colo, ouvindo uma história, num momento de afeto. Por exemplo, os pequenos adoram livros e histórias de mistério, de bruxas, fadas, monstros e seres encantados porque conseguem elaborar seus medos através dessas narrativas. E o medo é uma das emoções mais comuns na infância. Um ponto essencial nesse diálogo, segundo Danielle, é: toda emoção é digna, não tem emoção "feia". É lícito sentir raiva, medo, nojo... Só depois de sentir é que vamos nomear e aprender a lidar. O ponto aqui é ajudar as crianças a lidarem com o que sentem. Portanto, pode sentir raiva. O nosso papel é ajudar as crianças para que não agridam a si e aos outros quando estão com raiva. E este é um processo longo e de amadurecimento. Um bebê vai reagir à raiva de uma forma diferente de uma criança de três anos ou de outra ainda maior.Falar sobre é essencial
Muitas vezes, com a intenção de proteger, podemos subestimar as crianças. Poupá-las de temas e conteúdos que, sim, são difíceis, na verdade pode gerar ainda mais medo, angústia e insegurança. O importante aqui é deixar as emoções das crianças nos guiarem. Que perguntas elas já trazem? Que temas já ganham a atenção delas? Como se sentem na hora de dormir? O que as angustia? São nesses assuntos que podemos procurar um livro, por exemplo, para ajudar a conversar a respeito.Acolher como são
E, finalmente, é importante ter em mente que temos de acolher nossos filhos e as pessoas como são, ainda que sejam diferentes de nós ou daquilo que esperávamos que fossem. Nossos filhos com toda a certeza vão absorver alguns dos nossos valores e dispensar outros, criando os valores deles. E isso é ótimo! Temos de deixá-los à vontade -- e com a certeza de ser amados -- para fazer isso.///
Como você lida com isso na sua casa ou na sala de aula? Conte para a gente. Neste post aqui, indicamos três livros que podem ajudar a falar de emoções. Você tem outro para indicar? Coloque nos comentários!