Literatura infantil de qualidade para tratar de Consciência Negra

22/11/2019
Você sabe que, nesta semana, 832 municípios tiveram um feriado especial: o Dia da Consciência Negra. A data é especial porque nos lembra que, apesar do discurso de igualdade, as pessoas negras ainda sofrem o racismo de muitas formas: Simbólica, subjetiva, emocional, física, econômica, cultural, religiosa e até mesmo, no limite, na violência, que vitima muito mais pessoas negras que não-negras. Diz Angela Davis: "Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista". E, para isso, junto com a reflexão intelectual, é preciso sempre uma boa dose de subjetividade, de acesso a outras formas de ser e pensar através não de dados, mas de sensibilidade. Isso amplia nossa capacidade de viver e de sentir, torna nossa vida mais rica e ainda nos garante mais capacidade de empatia, de justiça e de abrir mão de privilégios para que todos e todas vivam melhor. Fizemos, então, uma seleção especial para você aproveitar com as crianças e viajar subjetivamente para a cultura do povo negro e para as narrativas que ecoam lindamente de África na nossa História.  

1- Obax

Autor: André Neves Ilustrador: André Neves Temas: Pluralidade Cultural / Conto / Humanos / Convivência Social / Imaginação / África / Dia Nacional da Consciência Negra (20 de Novembro) Faixa Etária: A partir de 5 anos Quando o sol acorda no céu das savanas, uma luz fina se espalha sobre a vegetação escura e rasteira.  O dia aquece, enquanto os homens lavram a terra e as mulheres cuidam dos afazeres domésticos e das crianças. Ao anoitecer, tudo volta a se encher de vazio, e o silêncio negro se transforma num ótimo companheiro para compartilhar boas histórias

>>POR QUE LER:

Livro vencedor do Prêmio Jabuti de Melhor Livro Infantil em 2011Obax, do premiado André Neves, é uma delicada história sobre a força da imaginação das crianças e das narrativas orais. Ambientada no oeste do continente africano, evoca a paisagem e as histórias do lugar, com destaque para a oralidade dos povos que por lá habitam. As cores, as vestimentas, os animais, as casas: tudo traz em si a marca cultural e a diversidade da região em que a menina Obax -- que significa "flor" -- nasceu.  

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2- Os tesouros de Monifa

Autora: Sonia Rosa Ilustradora: Rosinha Temas: Pluralidade cultural / Conto / Cartas e bilhetes / Humanos / Identidade / Relacionamento familiar / África / Árvore genealógica / Nações / Dia dos Avôs e Avós / Dia Nacional da Consciência Negra / Liberdade                                                      Faixa Etária: a partir de 5 anos Como raríssimas vezes se viu na literatura infantil e juvenil brasileira, este livro fala do encontro de uma brasileirinha afrodescendente com sua tataravó, Monifa, que chegou aqui em um navio negreiro. Mesmo escravizada, aprendeu a escrever e, por meio das letras, deixou -- “para os meus filhos e os filhos dos meus filhos!” -- o maior de todos os tesouros que alguém pode herdar. De geração em geração, esse presente vem parar nas mãos da menina, revelando uma verdadeira riqueza.

>>POR QUE LER:

Com muita beleza, esta obra, ganhadora do sele Acervo Básico, retrata a um só tempo situações que se entrelaçam com muita poesia: a imensa injustiça sofrida pelos africanos escravizados; a cultura rica do continente africano; a beleza e a importância de se conhecer as raízes; a riqueza do legado emocional e subjetivo dos nossos antepassados; a imensa força das histórias e seu poder de explicar, apaziguar, fazer curar.

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3- Kalinda, a princesa que perdeu os cabelos

Autor: Celso Sisto Ilustrador: Celso Sisto Temas: Relacionamento familiar / África / Astúcia / Tradição oral / Amor                                                   Faixa Etária: A partir de 8 anos
“Os contos populares africanos me devolvem as raízes do mundo. E trazem (imaginariamente) as vozes ancestrais para sussurrarem nos meus ouvidos.” Neste surpreendente livro, o renomado autor e ilustrador Celso Sisto traz diversos contos do continente africano, por meio dos quais o leitor poderá explorar a riqueza da cultura dos diferentes povos que lá vivem. >>POR QUE LER: Celso Sisto faz uma seleção e uma releitura primorosas de contos vindos de África; contos que dizem muito sobre nós, mas que ainda estão inéditos por aqui. Com a mesma força mítica dos contos de fada e das fábulas já velhas conhecidas nossas, revelam aquele imaginário que, antes de mais nada, explica e molda a realidade.

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E você? Conte para a gente sobre livros que você acha deveriam estar nessa lista! E compartilhe sua experiência de leitura de algumas dessas obras: o que mais te emocionou nelas?
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