A história começa assim: dois amigos ganham um bilhete para a viagem inaugural de um moderno trem-bala. Vão rumo a um altíssimo monte, num trem que atinge velocidades impressionantes.
Apesar da adrenalina, tudo parece tranquilo até que...

O cinto de segurança de um dos passageiros se solta, e o leitor precisa decidir se ajuda o desconhecido a não ser arremessado para fora do trem ou se prioriza sua própria segurança.
A depender do que escolha, como num jogo, o leitor será direcionando para um página específica, um capítulo específico, que modificará o fim e o percurso de leitura do livro.
Assim, o livro
O desastre do trem bala, do australiano Jack Heath, 30 livros no currículo e só 34 anos, tem uma narrativa que vai se desenvolvendo a partir das escolhas do jovem leitor.
A cada capítulo, são 30 minutos para decidir entre duas alternativas, que vão levar a consequências extremas -- como até a morte da personagem que o leitor escolhe representar.
Interação e reação
"Na
transição da infância para adolescência, os jovens começam a se afastar da leitura, que passa a ser encarada muitas vezes como apenas uma obrigação escolar e não como uma atividade prazerosa", explica a coordenadora editorial da Brinque-Book, Elisa Zanetti.
Pais e professores que o digam, não é mesmo?
Black Mirror
"A proposta diferente do livro, que dá oportunidade ao leitor de construir a narrativa juntamente com o autor e de participar da história como um personagem, abre caminho para uma maior identificação e aproximação dessa geração – acostumada com videogames, interações virtuais, realities shows etc. – com uma literatura que, mesmo dispondo
apenas de papel e tinta, consegue transportar seus leitores mais facilmente para qualquer tempo e cenário, graças a essa abordagem", avalia Zanetti.
Toda
essa interatividade aparece em outras obras da cultura pop voltadas para um público mais jovem, que nasceu e cresceu sob o impacto pela tecnologia.

Em 2018, a série de ficção tecnológica
Black Mirror, produção do
Netflix, colocou no ar um episódio interativo -- o
Bandersnatch --, que tinha uma lógica parecida com a dos games de RPG. A mesma do livro de Heath.
Ação e reação
É também na pré-adolescência
quando os jovens estão começando a perceber o impacto de suas ações no mundo, observando suas escolhas e refletindo sobre as consequências delas.
Não à toa,
escolhas são o pano de fundo desse thriller, como nos lembra a especialista Clara de Cápua, que escreveu o seguinte no material de apoio ao professor, elaborado exclusivamente pela
Escarlate para o livro:
"Quais são as consequências das suas decisões? Quais caminhos você está abrindo ou fechando quando faz uma escolha? Por mais que às vezes não pareça, o momento presente car- rega em si a infinidade do porvir, em suas múltiplas variáveis. Essa reflexão é o pano de fundo de uma eletrizante aventura, O desastre do trem-bala, de Jack Heath".
Em sala de aula
O material de apoio assinado por Clara, aliás,
está disponível em PDF, gratuitamente, e pode ajudar você, educador/a, a abordar as diversas facetas do suspense interativo de Heath com seus alunos.
O projeto propõe diversas atividades e abordagens, em disciplinas como Geografia, Português e Arte, para antes, durante e depois da leitura. Tudo a partir do que define a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Jack Heath
O autor do livro é jovem: só 34 anos, como mencionamos uns parágrafos acima. Talvez por isso tenha tanta afinidade com o leitor e com esse gênero de
thriller interativo de ficção.
Muitos de seus l
ivros são premiados. Alguns deles,
viraram filme. Heath é um autor surpreendente, que chega agora no Brasil.
A tradução da obra é do veterano -- mas também jovem --
Alexandre Boide, nome a assinar vários livros e séries de sucesso entre os jovens.
Pela
Escarlate, por exemplo, ele traduziu o potente
Eu sou uma noz e a série
Os Bandeira-Pirata.
Ficou com vontade de ler? Fácil: por aqui, você acessa uma
degustação do livro :-)
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E
você? Do que mais gosta em livros de suspense?