O aniversariante de hoje criou dois livros ilustrados que sintetizam com genialidade e muito humor questões tão óbvias quanto complexas sobre leitura, como: o que é um livro e pra que ele serve? Em É um livro, o norte-americano Lane Smith mostra um diálogo engraçadíssimo entre um burro cheio de habilidades tecnológicas e um gorila leitor, e faz refletir sobre todas as ambivalências que envolvem a parafernália da tecnologia diante do aparente despojamento do livro.
É um livrinho veio depois e atualizou esse diálogo, com os mesmos personagens agora de fraldas: o gorilinha tenta ler enquanto o burrinho quer saber como usar aquele objeto que parece ótimo pra fazer várias coisas. Quem já viu algum bebê com um livro sabe que eles vão morder, jogar pra cima, empilhar - até entender de fato o que o livro “faz” – e tudo isso é parte da formação do leitor. Toca ainda uma discussão fundamental da literatura e da literatura infantil em particular: ela tem mesmo que ter uma função?
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Ilustração de "É um livrinho"
Talvez Lane Smith seja mais conhecido por essas duas obras, mas Vovô verde também é dele, assim como as ilustrações de Os grudolhos perseverantes de Frip e do já clássico A verdadeira história dos três porquinhos.
Em homenagem ao aniversário dele, que hoje faz 61 anos, o Blog traz algumas curiosidades que provavelmente os leitores ainda não sabem sobre o pai do livrinho. Vamos lá?
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1) Ele trabalhou como faxineiro no Magic Kingdom da Disney Califórnia durante a faculdade.
2) Um professor de artes do ensino médio o incentivou a seguir carreira nessa área. Ele sabia que Lane desenhava e o levou pessoalmente para conhecer o Art Center College of Design, em Pasadena, na Califórnia. Lá, ele se formou em ilustração.
3) Lane conta que sempre adorou livros infantis e qualquer coisa relacionada à infância – seus pais eram ótimos e a sua própria infância também foi muito boa. Durante a faculdade, ele admirava o trabalho de artistas como Paul Klee e Alexander Calder, com elementos infantis bem marcados. Daí para os livros para a infância foi um passo, e ele já pensava seriamente em trabalhar com isso no primeiro ano da faculdade.
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4) E o que faria se não criasse livros infantis? Segundo ele, não existe outra coisa que saiba fazer. Porém, antes de ilustrar livros infantis, ele fez ilustrações para revistas e jornais, como The New York Times, Rolling Stone, Sports Illustrated e Esquire.
5) Verdadeira história de uma parceria: sua namorada trabalhava numa revista com a mulher do escritor Jon Sciezka, e foi assim que eles se conheceram. Começou então o produtivo trabalho da dupla, que rendeu uma menção Caldecott Honor (premiação criada para valorizar o trabalho de ilustração e que é concedida pela Association for Libraty Service to Children, da American Library Association) e livros como A verdadeira história dos três porquinhos e Ciência em versos.
Capa do livro "A verdadeira história dos três porquinhos"
6) Lane e Jon levaram A verdadeira história dos três porquinhos para muitas editoras e foram rejeitados muitas vezes até que finalmente a Viking Books deu uma chance aos dois e publicou o livro (no Brasil, ele é publicado pela Companhia das Letrinhas).
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7) Ele se casou com Molly Leach, a designer gráfica e namorada que o apresentou a Jon Sciezka, e os dois trabalham juntos - ela faz os projetos gráficos de todos os seus livros. Lane descreve assim seu trabalho com Molly: “Ela deixa tudo que eu faço cem vezes melhor, mas como a maioria das pessoas não sabe o que um designer faz, em geral eu ganho todo o crédito. Isso não é justo”.
8) O escritor mais inteligente que já conheceu? George Saunders, de Os perseverantes grudolhos de Frip - que Smith ilustrou. "Ele não é deste planeta", disse sobre o autor.
Ilustração de Lane Smith para o livro "Os perseverantes grudolhos de Frip"
9) Não faz livros sobre unicórnio: “Eu gosto de livros engraçados e esquisitos, que instiguem e desafiem a criança. Já tem muita gente que faz livros comportados sobre boas maneiras, sentimentos e unicórnios mágicos. Eu não faço esse tipo de livro”.
10) Não o convide para falar na sua escola: “Falar na frente de humanos me deixa nervoso. Eu me identifico com o aluno que senta no fundo da sala e é muito tímido para falar. Eu era assim. Mas existem outras maneiras de se expressar... desenhando, escrevendo e fazendo animais de bexiga”.
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