Por Júlia Moritz Schwarcz
2020 foi um ano diferente — levante a mão quem não se sentiu vivendo em Marte! Foi um ano em que a gente teve que se encolher em casa, como se o Lobo estivesse cada vez mais perto, ao mesmo tempo vestir a capa de herói e viver muitos confrontos selvagens, sinas ridículas e retornos aterrorizantes, tanto nas cidades quanto nas florestas.
Mas foi também um ano que nos convidou a olhar para dentro, a meditar e nos conhecer melhor, a enfrentar nossos fantasmas e preconceitos, a sambar na cama e soltar pum na banheira, e a pensar, entre sonhos e tempestades, em tantas coisas que a gente queria ser.
Foi ainda um ano que nos tornou um pouco menos prisioneiros da geografia em certo sentido, porque nos conectou com pessoas, situações e lugares distantes, nos mostrando que ninguém é pequeno demais para fazer a diferença, que dá para ficar amigo da escuridão, que todas as pessoas contam.
2020 foi um ano intenso, de saúde e de doença, de alegria e de tristeza, de muitas cores e vozes. Para nós, foi um ano de abrir novas janelas para enxergar o diferente, mergulhar na autocrítica e sentir na pele os erros. Foi também um ano de grandes casamentos, com histórias, pessoas e livros tão queridos, que ficaram mais próximos apesar da tal distância, com os quais já deu para brincar e aprender muito.
2020 foi assim, um ano difícil, de muitas subtrações, divisões e, sobretudo, lições, um ano em que foi preciso pensar fora da caixa e entendermos que nosso coração pode ficar bem triste mas no final ele fica inteiro (na maioria das vezes). E que os livros vão sempre estar por perto, dia e noite e em silêncio, como bons amigos.
Que 2021 seja cheio de histórias, emoção e fantasia — isso nada nem ninguém tira de nós e é o que eu sempre desejo. E o que mais alguém pode querer?
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