10 ideias inspiradoras para formar leitores literários em casa e na escola

16/06/2021
Você se preocupa com a formar leitores na sua casa? Quer que seus filhos gostem de ler e levem esse (ótimo!) hábito para a vida toda? Deseja o mesmo para seus alunos? Esse post traz nada menos que 10 dicas e ideias inspiradoras para formar leitores. E o mais bacana é que elas mostram que a formação leitora começa com a gente. Sim, com os adultos! E também são fáceis de aplicar por aí com crianças de todas as idades.

10 ideias para formar leitores

Em diversas ocasiões, o Blog da Brinque conversou com especialistas. Também fizemos cursos, fomos à seminários, lemos livros interessantes sobre a arte -- e o desafio -- que é apaixonar os pequenos pelas boas histórias. Resgatamos um pouco disso tudo nesse top 10 ideias inspiradoras para pensar como formar leitores. Vem junto?

1) Apaixone-se por literatura

Todo mundo pode ser mediador de leitura, desde que seja também um leitor, afirma a escritora, livreira e mediadora espanhola Lara Meana. Ela diz: ---" “É como um vírus, só o transmite quem tem†"--- Não à toa, no Colégio Vera Cruz, em São Paulo, há uma preocupação com a formação continuada do professor como leitor. Uma das políticas do colégio nesse sentido e fomentar o acesso à boa leitura. O colégio tem uma biblioteca para o educador, com sistema de empréstimo e acervo atualizado de boa literatura. “Há filas de espera para os livros mais concorridos e tem aumentado a retirada pelos docentesâ€, nos contou a diretora pedagógica, Regina Scarpa. ///

2) Resgate o seu percurso leitor

Quando você começou a ler? Qual foi o livro que te formou um leitor ou uma leitora? Como percebeu que era leitor ou leitora? O que lia na infância? De que histórias mais gostava? Quem contava histórias para você? Lara Meana, que é também formadora de mediadores de leitura, contou que costuma perguntar quais são as memórias leitoras dos alunos dela. Em geral, disse ela, há um conto, uma história, uma narrativa oral, um momento que marca o início de uma relação com a leitura. Resgatar essa memória pode ajudar a compreender como apaixonar as crianças e abrir-lhes caminhos. Ela nos disse, em uma entrevista concedida ao blog em 2018, o seguinte: ---" Ler em voz alta para as crianças, cercá-las de histórias ou de informação que as interesse não é garantia de que irão continuar lendo, mas transforma-as em leitores no presente. Quando uma criança escuta uma história ou se senta ao nosso lado para ver as imagens do livro ou ouvir as palavras que as acompanham, também está participando da leitura, está lendo ainda que sem saber ler "--- A leitura de imagens é leitura, assim como a escuta da história. Em uma conversa deliciosa aqui no Blog da Brinque, a escritora Ivana de Arruda Leite, autora de Diomira e o capitão Carrerão, nos contou que se apaixonou primeiro pelas histórias orais contadas a ela por uma tia. Tradição oral também forma leitor! :-) LEIA MAIS: https://blog.brinquebook.com.br/sala-de-leitura/diomira-folclore-aula/ Para Bel Santos Mayer, pedagoga e uma das coordenadoras do Polo de Leitura LiteraSampa, é preciso resgatar o caminho leitor do próprio formador de leitores. O desafio é encontrar o prazer pela história, bem como os meios para compartilhar esse prazer com os outros. ///

3) Não subestime a criança

A sensibilidade infantil é capaz de “ler†muitas narrativas diversas, de diversas maneiras, de acordo com suas habilidades leitoras. O adulto não precisa infantilizar as crianças e “poupá-las†de livros mais complexos, seja no tema, seja na forma como esse tema é narrado. Não limite o acesso dos pequenos a livros-brinquedo ou com narrativas e imagens muito simplificadas. Aposte que uma obra que mexeu com você, tocou, emocionou ou suscitou questões tem o mesmo potencial de tocar os alunos. “Os livros mais complexos são os que ‘dão mais caldo’ com as criançasâ€, declarou Patrícia Diaz, pedagoga, diretora pedagógica com experiência em formação leitora, durante o Seminário Internacional Arte, Palavra e Leitura na Primeira Infância, realizado em março de 2018. ///

4) Não se prenda à faixa etária

Em entrevista ao Blog da Brinque, a curadora Denise Guilherme, fundadora do clube de leitura A Taba, explicou que a faixa etária funciona mais como um parâmetro para o mercado do que como balizador do tipo de leitura ideal para cada idade. Cada leitor lê de um jeito e, a cada nova leitura, outras interpretações vão se somando às anteriores. Um bebê aproveita determinado livro de um jeito; uma criança mais velha faz outra leitura, explica. Mas ambos podem ler o mesmo livro. ///

5) Amplie o repertório

Um dos principais desafios do professor e do mediador de leitura é justamente enxergar o acervo de que dispõe como algo que possa ser lido pelas crianças. Romper, portanto, com o paradigma de que determinados livros não podem ser oferecidos aos pequenos. “Se eu enxergo essa criança como uma criança potente, inteligente, curiosa, que pesquisa, que forma suas próprias ideias, que tem vontade de descobrir o mundo e vai aproveitar aquela situação literária para pensar sobre isso, eu posso escolher livros mais potentes, mais complexos, livros que de fato abram possibilidades, gerem perguntas e não que simplesmente reforcem a ideia de que ha respostas para tudoâ€, avalia Patricia Diaz. É essencial oferecer às crianças livros que façam sentido para elas e que despertem genuinamente seu interesse. ///

6) Abra espaço para conversas sobre as obras

Boas obras suscitam perguntas, conversas, debates. Abra espaço, no ritual e na rotina de leitura, para acolher essas conversas, para que as crianças possam expressar livremente suas impressões sobre o que estão lendo ou sobre o que acabaram de ler. Esses momentos podem acontecer durante a roda de leitura, no caso das leituras coletivas, ou mesmo em horários específicos para que as crianças conversem entre si sobre livros que estejam lendo, tanto do acervo da escola quanto do acervo pessoal. Na Escola Vera Cruz, as crianças escrevem resenhas sobre seus livros preferidos, recomendam para colegas e são estimulados a trocar ideias e compartilhar pontos de vista sobre as obras. Para a diretora pedagógica, Regina Scarpa, o entusiasmo de um aluno “contagia†o outro, e o caráter polissêmico da literatura facilita essa conversação, pois permite múltiplas interpretações. Além disso, diz ela, esse tipo de conversa e o recursos das resenhas faz muito mais sentido que as tradicionais provas de interpretação de texto. “Não queremos empobrecer a obra e a experiência com perguntas de verificação de leituraâ€, diz ela. ///

7) Faça festa em torno da leitura

Regina Scarpa conta também que, no Vera Cruz, costumam organizar eventos literários, em que as crianças podem trazer livros de casa e trocar com os amigos, ler juntos, conversar sobre obras e preferências. Os pais, claro, participam e, assim, amplia-se também a comunidade leitora. É comum, conta ela, crianças animadas levando livros dos colegas para os pais lerem para elas em casa. “É simbólicoâ€. Para Lara Meana, não é incomum que as crianças sejam também mediadoras de leitura para os adultos, quer dizer, que sejam elas a apresentar aos pais seus livros preferidos e estimulá-los na paixão pela literatura, num círculo virtuoso. ///

8) Coloque afeto na roda

Leitura é presença, é um canal de comunicação entre crianças e adultos, uma busca por conexão. Ao ler para crianças, é importante estar presente, ler com entusiasmo, com coração. Procure conhecer a história antes de ler, compreender como ela te afeta e te emociona e de que forma você pode usar recursos narrativos – como entonação de voz, gestos e expressões faciais – para comunicar a sua emoção aos pequenos. Ao mesmo tempo, é importante saber que as crianças reagem à emoção no corpo. Uma obra pode fazer uma criança querer sair andando, por exemplo. Outra pode levantar. Uma terceira talvez queira comentar. Não ache que isso é falta de interesse. Acolha esses movimentos. Responda as perguntas e continue lendo, mesmo se os leitores estiverem passeando por aí. Quanto menores, mais fisicamente vão reagir a uma boa leitura e uma boa obra. ///

9) Mostre a ilustração; deixe o livro por perto

Em um livro ilustrado, a ilustração é essencial, por vezes, mais importante que o próprio texto. Especialmente no caso das crianças pequenas, em que a linguagem fundamental ainda não é a palavra. Leia com o livro virado para as crianças, deixe que elas toquem as figuras, toquem o livro, manipulem, interajam. Que olhem as cores, os traços. Ideal é que, além da roda de leitura, os livros estejam sempre ao alcance das crianças, para que manipulem e interajam por conta própria. ///

10) Lembre-se de que bebês e crianças gostam de ler

Narrativa é algo tão profundamente vinculado com o humano que a psicóloga argentina María Emilia López chegou a afirmar, durante o seminário, que quase um traço genético, uma característica fundante da nossa espécie. Precisamos da narrativa para dar sentido à experiência humana. Isso é verdade especialmente para bebês e crianças, para os quais a história e as ilustrações ajudam a elaborar e compreender medos, sentimentos, sensações, informações em uma linguagem muito mais próxima da sua linguagem interior. Por isso que “bebês são leitores experientes de poesiaâ€, diz López. É interessante ler com ritmo, rima e observar as preferências dos alunos, deixando com que eles ajudem a formar o acervo do grupo. *Adaptado de um post originalmente publicado em 29/3/2018 /// E você? Gostou das dicas?
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