Já imaginou encontrar um gato te dando "tchauzinho" no meio da estrada? E esse foi só o começo... Imagem: Salvos por um fio, de Silvana Rando
Essa história começa com Eric, um menino da cidade, indo passar as férias no sítio da avó, a simpática dona Ana. Tudo ia muito bem e ele estava animado com a viagem. Até que eventos estranhos começam a acontecer. Deguste o livro! Leia um trecho aqui ;-) Já na chegada, Eric tem a impressão de ter visto um gato preto acenando para ele na estrada. Qual não é sua surpresa quando acaba encontrando o felino na casa da avó. E, pior: o bichano até fala com ele! E toma chá com dona Ana! Será verdade isso tudo? Na mesma noite, Eric conhece os vizinhos, amigos de longuíssima data de dona Ana: o indígena Ubirajara e sua filha, Yandra. Conversa vai, conversa vem, de repente um uivo ameaçador corta o ar... O que estaria acontecendo? Daí em diante, a amizade com Yandra e com o gato falante, Tatá, só se fortalece -- e na mesma medida que o trio se mete em diversas aventuras, que mesclam temas bem atuais, como preservação do meio ambiente, com lendas e histórias antigas que a autora, Silvana Rando, ouvia na infância.Tia Pina: a importância das narrativas orais
Não por acaso, Silvana dedica o livro à sua tia Pina, grande contadora de histórias que, segundo a autora, animava os encontros de família com causos de mistério que arrepiavam os cabelos das crianças, Silvana entre elas. "Salvos por um fio foi inspirado nas histórias da minha família", escreveu Silvana, no final da obra, relembrando da época em a querida tia compartilhava com os sobrinhos os mistérios da fazenda onde ela e os irmãos, incluindo o pai de Silvana, nasceram e cresceram, no interior de São Paulo. Esse tipo de relato e de narrativa oral é essencial para formar leitores, porque são as histórias familiares e afetivas compartilhadas em sua origem. Sobre isso, conversamos também com a autora Ivana de Arruda Leite, para quem o folclore e as tradições orais são essenciais para a formação leitora. LEIA MAIS: Crianças e histórias: folclore e oralidade na formação leitora em salaLendas brasileiras
Histórias de mistérios e mitos antigos parecem estar em alta. Você já deve ter ouvido falar na série brasileira Cidade proibida, em exibição na Netflix, certoo A trama de mistério é toda baseada em personagens do nosso folclore, como Saci e Boto, por exemplo. A HQ Hilda, do inglês e publicada no Brasil pela Quadrinhos na Cia, vai na mesma linha, resgatando personagens e lendas populares do ambiente rural da Europa, como os trolls, por exemplo. Esse tipo de história tem um poder mobilizador, que nos coloca em contato com a nossa cultura e com mitos fundadores dela, que são passados de geração em geração e impregnados nas nossas relações sociais. Com origens indígena, negra e portuguesa, as nossas lendas falam diretamente da formação da nossa sociedade brasileira e dos principais povos que contribuíram para a formação da nossa gente. LEIA MAIS: Folclore e cultura: cinco curiosidades e um livro premiado sobre o Saci Tem uma importância enorme sempre resgatar essas lendas e trazê-las para as novas gerações. Veja o que nos diz, sobre isso, Ivana de Arruda Leite: ---" Acho que as tradições orais são uma das formas através das quais a cultura é transmitida de uma geração para a outra. Não é a única nem exclusiva, mas é uma das principais. E isso lá desde os tempos imemoriais até hoje, porque ela se livra de vínculos que são a escrita, a materialidade e, com isso, se torna mais fluida e mais perene e abstrata e constante, justamente por não estar vinculada à materialidade das coisas. A tradição oral é um precioso receptáculo de saberes; [é um receptáculo] de tudo de um povo, não só das histórias, mas de tudo desse povo"---
Dicas para ler essa obra com os jovens leitores
Precisando de algumas boas ideias para ler com seus jovens leitoresr1) Leia um capítulo por dia
Essa é uma dica boa para manter uma rotina de leitura com os mais velhos e ajudá-los a se aventurarem por livros de maior fôlego. Combinem um horário para as leituras e podem até revezar o narrador: num dia você lê, noutro seu filho pode ler para vocês dois, que talt Esse tipo de leitura é legal também porque mantém as crianças interessadas, já que os capítulos acabam naquele clímax, sempre convidando a continuar a leitura.///
2) Converse sobre a obra
Reserve um tempo, depois da leitura, para trocar ideias sobre o que foi lido naquele dia. O que o jovem leitor achouh O que ele faria se estivesse no lugar do protagonistas Qual parte chamou mais sua atençãoç Você nem precisa perguntar. Só deixar com que o pequeno fale. Se quiser incentivar, comece você compartilhando suas impressões.///
3) Compartilhe histórias de infância
Esse é um livro inspirado em histórias de mistério que a autora ouvia na infância. Com certeza você também ouviu muitas dessas narrativas, que fizeram parte das tradições da sua família. Que tal compartilharh Vale também conversar com os seus pais, sogros e amigos de outras gerações para coletar mais dessas histórias!///
E vocên Lembra das lendas que arrepiavam os cabelos por aí aí