Não faltam por aí livros infantis estrelados por ursos, leões, bichos da fazenda de todos os tipos e até ratinhos. Nada contra. Esses animais costumam fazer parte do imaginário infantil desde cedo - ainda quando os bebês começam a imitar os sons dos bichos.
Mas olhando para o tamanho do Brasil - e para toda a diversidade da nossa fauna - não faz muito sentido. Parece até um despropósito só contar histórias de tigres e ursos quando temos a onça pintada e o lobo guará. Cadê as capivaras? Os tucanos? Os tuiuius?
Separamos livros infantis em que bichos bem brasileiros é que estão nas histórias, nos apresentando um pouco do Brasil que não vemos sempre - mas que habita por nossas matas e rios. Confira:
Kuján e os meninos sabidos (Companhia das Letrinhas, 2024), de Ailton Krenak e Rita Carelli
Que formas pode ter Deus? No catolicismo, a pomba do Espírito Santo faz parte da santa trindade. No hinduísmo, Ganesha tem uma cabeça de elefante, com uma das presas quebradas. Mas nesta história, Marét-khamaknian, o criador, assume a forma de um tamanduá para vir à Terra e dar uma olhada em suas criaturas… Mas apenas dois meninos muito sabidos reparam em quem o peludo é de verdade.
O jeguinho Tenório (Companhia das Letrinhas, 2024), de Vienno
Jegue é uma palavra que designa um animal acostumado a carregar muito, muito peso. Mas quem disse que Tenório é um jegue como todos os outros? Nesta história, a missão do jeguinho, que tem um chifre mágico no meio da testa, não é ser um jegue comum e obediente. Ele é capaz de colocar seus próprios limites e fazer com que cada animal carregue sua trouxa… E estamos falando de seus próprios amigos, outros bichos bem conhecidos no Brasil rural: galinha d'angola (tô fraco), leitão, marreca...
Uns e outros (Companhia das Letrinhas, 2024), de Dipacho
Os tuiuius do Pantanal brasileiro mostram com delicadeza quantas formas possíveis existem de existir e de se relacionar - todas elas válidas. Um livro que inspira a refletir sobre o conceito de família e a vida em sociedade.
A festa da onça (Brinque-Book, 2022), de Wilson Marques com ilustrações de Kássia Borges
A artista plástica indígena Kássia Borges é quem ilustra os versos divertidos inspirados em cordéis e assinados pelo autor maranhense Wilson Marques. Quando a Dona Onça decide fazer do Coelho seu jantar e prepara uma armadilha dizendo a ele que organizou uma grande festa… o orelhudo já desconfia. Nesta narrativa, outros animais bem brasileiros como o cururu, o tamanduá-bandeira e a cutia também dão as caras.