No encalço dos fantasmas de José Saramago, Fernando Pessoa, Camões e, claro, Eça de Queiroz, Miguel Sanches Neto cria uma obra hilária, inteligente, vertiginosa, um romance feito de encontros, desencontros, fugas, autoengano, paixão e muita literatura.
No encalço dos fantasmas de José Saramago, Fernando Pessoa, Camões e, claro, Eça de Queiroz, Miguel Sanches Neto cria uma obra hilária, inteligente, vertiginosa, um romance feito de encontros, desencontros, fugas, autoengano, paixão e muita literatura.
Nesta história contada de modo nada confiável por um sujeito que aspira escrever um romance, a questão da identidade toma o primeiro plano. O narrador assume o pseudônimo Rodrigo S. M., sequestrado de A hora da estrela, de Clarice Lispector, e deixa para trás seu passado ordinário. Decidido a cruzar o oceano em busca de, em suas palavras, "civilização", ele parte para Portugal em uma jornada que se equilibra entre a ironia cáustica e a homenagem ao panteão de escritores da literatura lusa. Seu alvo logo se torna o lendário Eça de Queiroz, cujos caminhos procura refazer atrás de inspiração para um livro. Feito um Dom Quixote lusófono, o narrador personagem precisa amargar que os cenários idealizados de suas leituras não coincidem com a realidade que o aguarda nos mais diversos destinos, o que inclui uma bizarra celebração ao aniversário de Hitler.
Navegando entre a imaginação desvairada e a ironia aguda, Miguel Sanches Neto compõe um romance que ousa tratar o cânone com humor, tirando do pedestal os nomes europeus que assombram a literatura brasileira lá do outro lado do Atlântico. Jornada desmistificadora e magnética, O último endereço de Eça de Queiroz nos conduz, eletrizados, até seu luminoso desenlace.