Em As pequenas memórias, José Saramago põe em prática o antigo projeto de compor um relato autobiográfico. São histórias familiares, ora alegres, ora dilacerantes, sobre os primeiros quinze anos de vida do escritor.
Em As pequenas memórias, José Saramago põe em prática o antigo projeto de compor um relato autobiográfico. São histórias familiares, ora alegres, ora dilacerantes, sobre os primeiros quinze anos de vida do escritor.
Quando escrevia O memorial do convento, livro que lhe deu notoriedade mundial, José Saramago começou a pensar num relato autobiográfico. Levou mais de vinte anos elaborando o projeto, cujo resultado é este As pequenas memórias, que cobre os primeiros anos de sua vida, do nascimento, em 1922, na aldeia da Azinhaga, Ribatejo, aos estudos na escola industrial de Lisboa, de onde sairá serralheiro mecânico. O autor relembra o convívio com o avô camponês, homem sábio e analfabeto, com quem aprendeu a cuidar dos porcos e observar a via Láctea. Fala da mudança para Lisboa, das mulheres que recorriam à bruxaria quando as coisas iam mal, do dia em que ele jogou no lixo o mapa onde acompanhava a guerra civil da Espanha, decepcionado com os jornais portugueses que só anunciavam as vitórias do general Franco.
Nesse reviver de sensações, medos, humilhações, está a matéria bruta com que se forjou o adulto José Saramago. Reatar com a infância, prescrutar o menino que sempre viveu dentro dele e narrar memórias por vezes dolorosas foi tarefa difícil, mas que valeu amplamente o trabalho de ser contado.
A caligrafia da capa é de autoria do escritor Gonçalo M. Tavares.