Não é possível pensar o presente sem levar em conta uma certa herança marxista. Giannotti procura distinguir o núcleo mais vivo do pensamento de Marx, iluminando aqueles tópicos que ainda podem nos servir de ponto de partida para compreender as dificuldades da sociabilidade contemporânea.
Não é possível pensar o presente sem levar em conta uma certa herança marxista. Giannotti procura distinguir o núcleo mais vivo do pensamento de Marx, iluminando aqueles tópicos que ainda podem nos servir de ponto de partida para compreender as dificuldades da sociabilidade contemporânea.
O marxismo tem recebido atestado de óbito de autores renomados. Mas o fim de uma ideologia oficial, simbolizada dramaticamente pela queda do muro de Berlim, esgotaria a capacidade dos textos de Marx para compreender aspectos decisivos da nossa contemporaneidade? Se O capital pretendeu criticar o processo de produção capitalista, continuando no plano teórico o movimento de contestação efetivado pelo proletariado, já não teria agora a dimensão clássica das grandes obras filosóficas do passado?Mas então, se esse texto se tornou clássico, conjunto de idéias com as quais convivemos sem ter como aderir a elas por inteiro, é preciso iluminar os tópicos que ainda podem nos servir de ponto de partida. Não se trata de distinguir nele o vivo e o morto, mas de pensar seu núcleo mais vivo - precisamente, sua crítica da racionalidade com que o capital se apresenta. Certa herança marxista procura reler Marx do ponto de vista de sua posteridade, acentuando aquela traição que o reanima.