Dois pesquisadores irlandeses chegam a uma cidadezinha albanesa para estudar as narrativas épicas da região, cuja estrutura acreditam ser semelhante à que existia na Grécia de Homero. Kadaré põe a linguagem no centro dos conflitos étnicos que há séculos castigam a Albânia.
Dois pesquisadores irlandeses chegam a uma cidadezinha albanesa para estudar as narrativas épicas da região, cuja estrutura acreditam ser semelhante à que existia na Grécia de Homero. Kadaré põe a linguagem no centro dos conflitos étnicos que há séculos castigam a Albânia.
Kadaré transforma em literatura os conflitos étnicos que há séculos castigam a pequena Albânia, terra desgarrada entre Oriente e Ocidente. O romance tem início quando dois pesquisadores irlandeses chegam a uma minúscula cidade albanesa para estudar as narrativas épicas da região, uma tradição oral cuja estrutura eles acreditam ser semelhante à que existia na Grécia de Homero. Os estrangeiros causam frisson na cidadezinha. Para os políticos, por exemplo, trata-se de espiões. Já as mulheres vêem nos visitantes uma oportunidade de desafogo para o marasmo em que vivem.A metáfora da cegueira costura o enredo. Homero, dizem, era cego; os cantadores de poesia não enxergam bem; os espiões podem prescindir da visão; um dos irlandeses tem problemas de vista; outro personagem afirma que até o planeta está com a vista enfraquecida. Irônico, versátil, Kadaré mostra o que pode acontecer quando modos de ver inconciliáveis têm de partilhar o mesmo chão.Edição revista pelo autor. Tradução direta do albanês.