Em sua estréia na ficção, o poeta e tradutor Paulo Henriques Britto cria um universo de situações extremas, encontros embaraçosos e impasses, que conduzem seus personagens a visões pouco agradáveis de si mesmos. Do autor de Macau, Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2004.
Em sua estréia na ficção, o poeta e tradutor Paulo Henriques Britto cria um universo de situações extremas, encontros embaraçosos e impasses, que conduzem seus personagens a visões pouco agradáveis de si mesmos. Do autor de Macau, Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2004.
A prosa precisa e flexível do poeta Paulo Henriques Britto não é novidade para o leitor brasileiro: como tradutor notável do que há de melhor nas literaturas de língua inglesa, ele é presença obrigatória em qualquer prateleira que se preze. No campo da poesia, acabou de ganhar o Prêmio Portugal Telecom de Literatura, um dos mais prestigiados do país. Agora, com os contos de Paraísos artificiais, sua estréia na ficção, ele se afirma como criador de um universo próprio, feito de uma prosa límpida que, parecendo coloquial e transparente, não perde tempo ao capturar e expor seus objetos.
Seja qual for o cenário - a cidade grande, o estrangeiro ou a provinciana São Dimas -, os relatos deste volume capturam sempre situações extremas - que podem ser uma doença sem nome ou um mero ônibus errado - e encontros embaraçosos - quase sempre do protagonista consigo mesmo. Os pretextos podem ser mínimos, até mesmo banais, mas os impasses que logo se criam não têm nada de trivial. Em contos desde já antológicos, como "Uma visita", "Um criminoso" e "O primo", a mão firme de Britto conduz seus heróis e narradores a visões nuas e dolorosas de si mesmos: mais alheios, mais tortuosos, mais covardes do que gostariam de ser.
Completa o volume a novela "Os sonetos negros", deliciosa farsa literária ao sabor de Henry James, "diário" de uma viagem de iniciação, de um desencontro que põe em xeque as certezas do politicamente correto e expõe um jovem estudante às surpresas que a vida e a literatura não param de tramar.