Fernando Pessoa marcou a poesia do século XX sobretudo por ter se desdobrado em vários. Mas, enquanto escrevia as obras poéticas de seus outros "eus", o autor tão multifacetado não deixava de modelar a própria faceta. A reunião dos poemas que Fernando Pessoa assinou com o próprio nome traz à tona um monumento poético.
Fernando Pessoa marcou a poesia do século XX sobretudo por ter se desdobrado em vários. Mas, enquanto escrevia as obras poéticas de seus outros "eus", o autor tão multifacetado não deixava de modelar a própria faceta. A reunião dos poemas que Fernando Pessoa assinou com o próprio nome traz à tona um monumento poético.
Poesia 1918-1930 é o segundo dos três volumes que reúnem os versos que Fernando Pessoa não atribuiu a nenhum de seus "heterônimos". Por muito tempo, dessa parte da sua obra se conhecia apenas o livro Mensagem e mais os poucos poemas que ele publicou em vida, em revistas literárias, ou enviou por carta a seus amigos. Nas últimas décadas, os pesquisadores começaram a dar maior atenção ao vasto acervo de inéditos que o poeta deixou sem atribuição. Centenas deles só viriam a ser publicados no século XXI.
Este volume mostra um poeta a caminho da maturidade. No mesmo período, ele trabalhava a todo vapor na obra dos seus heterônimos, mas nunca deixava de voltar a seus próprios temas e inquietações. Poeta da melancolia, para quem a verdadeira realidade é o sonho, Pessoa fez da poesia um refúgio particular, mas também uma fortaleza de onde pudesse negar o mundo e seus males. Dali, à medida que se desdobrava em outros, ele experimentou em verso o estranhamento de si próprio, e pôde assim demonstrar algo que o homem moderno sempre soube, sem saber dizê-lo: "A alma humana é estrangeira,/ E tem usos e costumes/ Fora da nossa maneira".