Num relato que mistura romance e história na Amsterdã do século XVIII, Japin constrói uma trama para contar o desenrolar da vida de uma das poucas mulheres que abalaram o conquistador Casanova.
Num relato que mistura romance e história na Amsterdã do século XVIII, Japin constrói uma trama para contar o desenrolar da vida de uma das poucas mulheres que abalaram o conquistador Casanova.
O ponto de partida de Japin para contar a história de Lucia, uma prostituta na faixa dos trinta anos que nasceu na região de Veneza e se radicou em Amsterdã, são as memórias de Giacomo Casanova (1725-98), que trazem uma breve menção às "duas únicas mulheres que tratou injustamente". A primeira foi Lucia.
Casanova descreve o seu choque ao reencontrar Lucia em Amsterdã, depois de dezesseis anos: "Ela não se tornara apenas feia. Muito pior: tornara-se repulsiva". Não explica o que aconteceu com a linda menina de catorze anos por quem se apaixonara - e o que o autor faz então é criar uma história para Lucia e para o relacionamento dos dois.
A Lucia de Japin é repulsiva porque foi deformada pela varíola. O horror não marcou o corpo todo, apenas o rosto. A certa altura, ela decide usar um véu, e a vida muda inteiramente: a feiúra se transforma em mistério. Em 1758, quando Casanova chega à cidade sob a identidade de Jacques de Seingalt, Lucia logo reconhece o rapazinho que ela amou. Ele é imediatamente atraído pela mulher que esconde o rosto e dá início aos trabalhos de sedução, mas acabará deixando a Holanda sem saber que a perfumada cortesã de véu e a prostituta desfigurada que encontra num bordel barato são a mesma pessoa.
"O que torna o romance tão fascinante é a fusão de veios narrativos: [...] o testemunho íntimo de uma mulher enlaçado por uma pesquisa admirável sobre a história intelectual do século XVIII." - Ron Charles, Washington Post