Executivos arrivistas, uma cobradora de ônibus evangélica, secretárias louras bronzeadas pelo sol, um taxista que suspira pela volta da ditadura - essas são algumas das variadas criaturas que convivem, e ocasionalmente se cruzam, na caótica metrópole descrita em Sexo e amizade.
Executivos arrivistas, uma cobradora de ônibus evangélica, secretárias louras bronzeadas pelo sol, um taxista que suspira pela volta da ditadura - essas são algumas das variadas criaturas que convivem, e ocasionalmente se cruzam, na caótica metrópole descrita em Sexo e amizade.
Uma narrativa longa e 23 contos breves compõem este livro de difícil classificação, em que há muito sexo (ou pelo menos o desejo opressivo de sexo) e bem pouca amizade.
Os contos da primeira parte, "Amizade", são quase sempre verdadeiros monólogos em que a lógica de cada personagem é reduzida ao absurdo. Do empresário que sonha com grandes negociatas internacionais ao evangélico fanático que só admite a idéia do prazer depois da morte, do taxista que tem saudades da ditadura e quer exterminar todos os meninos de rua ao astro do futebol que não consegue controlar seus impulsos selvagens, cada um revela da maneira mais crua a sua leitura do mundo e o seu modo de inserção nele.
Na segunda parte, "Sexo", um narrador onisciente acompanha, em terceira pessoa, os destinos dos mais variados personagens que se cruzam ocasionalmente na cidade grande: jovens executivos carreiristas, um faxineiro negro e desdentado, vendedoras e secretárias ávidas por conforto e status, uma cobradora de ônibus evangélica, um astro jamaicano da música, um casal de adolescentes prestes a perder a virgindade etc.
O estilo implacável e desbocado de André Sant'Anna, que não comporta o eufemismo e a correção política, atinge aqui seu grau máximo de densidade e virulência. Com seu humor corrosivo e sua embocadura hiper-realista, Sexo e amizade nos arrasta para a perplexidade e a inquietação diante da barbárie que nos cerca.