Mikal Gilmore, veterano da revista Rolling Stone, retrata os anos 1960 em perfis reveladores dos grandes criadores do rock e adjacências, como Bob Dylan, John Lennon, George Harrison, Bob Marley, Jim Morrison e Johnny Cash.
Mikal Gilmore, veterano da revista Rolling Stone, retrata os anos 1960 em perfis reveladores dos grandes criadores do rock e adjacências, como Bob Dylan, John Lennon, George Harrison, Bob Marley, Jim Morrison e Johnny Cash.
Em Ponto final, o jornalista Mikal Gilmore, um dos principais críticos norte-americanos de música popular, traça o perfil da geração que transformou os anos 1960 num mundo de sexo, drogas e rock'n'roll. O livro, que reúne ensaios de fôlego publicados nos últimos quinze anos, monta um painel diversificado da sociedade e da música nos Estados Unidos e na Inglaterra num período em que a influência da cultura jovem foi particularmente forte.
Radical na arte e na vida, essa nova geração de músicos e escritores muda costumes, polariza a sociedade, tenta reinventar o mundo, e tudo isso é captado pelas antenas atentas do autor. A loucura hippie do Verão do Amor na Califórnia, a fulminante ascensão e queda de Jim Morrison, a Liverpool dos Beatles, o Pink Floyd na estrada - não há personagem ou evento relevante da época que tenha escapado ao olhar de Gilmore.
Embora trabalhe com personagens emblemáticos, o autor consegue dizer algo de novo sobre cada um deles, proeza que se deve ao método de investigar a vida à luz da obra, e vice-versa, no melhor estilo do jornalismo cultural americano. No entanto, Gilmore não se coloca como observador isento: escreve como integrante do mundo que retrata em suas crônicas, do qual às vezes chega a ser personagem (quando Timothy Leary, doente terminal, transformou a própria morte num happening lisérgico, lá estava Gilmore ao lado do leito).
Essa perspectiva, que torna única a galeria de astros reunida pelo autor, não significa que o leitor terá em seu relato a visão do fã; por mais que se identifique com o objeto abordado, Gilmore é, antes, o admirador crítico, cuja honestidade intelectual não lhe permite fugir de temas difíceis, como o fato de tantos heróis da época terem sucumbido às drogas. Sem um pingo de moralismo ou adjetivação vazia, Ponto final está repleto de narrativas sobre o lado sombrio dos astros do rock, alguns dos quais nunca voltaram da descida ao inferno.