Uma tragédia na madrugada, segredos de família e a corrupção política compõem a trama do novo romance de Miguel Sousa Tavares.
Uma tragédia na madrugada, segredos de família e a corrupção política compõem a trama do novo romance de Miguel Sousa Tavares.
Numa madrugada de 1988, três estudantes de Évora e uma jovem de dezesseis anos saem para uma farra regada a muito álcool que terminaria em tragédia. Um dos rapazes é Filipe, último descendente da aldeia alentejana de Medronhais da Serra, hoje habitada por um único homem, seu avô, Tomaz da Burra.
O romance do português Miguel Sousa Tavares acompanha as vidas desta família desde a Revolução dos Cravos, que derrubou a ditadura de Salazar em abril de 1974, até os dias atuais. O pai de Filipe, Francisco, ficou viúvo muito cedo e sempre pareceu alheio ao que acontecia na aldeia. Mas, com as mudanças políticas, ele parece encontrar na reforma agrária uma razão para viver e decide se mudar para uma fazenda comunal, deixando o filho único para ser cuidado pelos avós.
Filipe cresce nesta Medronhais da Serra fora do tempo, um lugar que tinha pouco mais de cinquenta habitantes e demorou muito a ganhar o seu primeiro aparelho de televisão. Ele se torna arquiteto e vai trabalhar em uma cidade costeira do Alentejo, onde passa a conhecer cada vez mais de perto as sujeiras da corrupção política. Ao tentar não se envolver num esquema de fraudes e propinas, voltará a ser assombrado pela trágica noite que viveu na juventude.
Narrado em um ritmo vertiginoso, que faz o leitor agarrar-se ao livro até o fim, Madrugada suja alterna a voz de diferentes personagens a cada capítulo. Além de um retrato crítico e acurado sobre as mudanças em Portugal nos últimos quarenta anos, o escritor criou uma história fascinante sobre como os acasos da vida nos levam a situações-limite.