Lirismo e aspereza nos versos de um poeta que trilha um caminho único na lírica contemporânea do Brasil.
Lirismo e aspereza nos versos de um poeta que trilha um caminho único na lírica contemporânea do Brasil.
Paulo Scott é um dos nomes mais originais da poesia brasileira nos dias atuais. Seus versos, burilados de uma forma que parece ter surgido com facilidade - um verdadeiro feito -, se aproximam da ficção ao apresentarem histórias e episódios sobre amores perdidos e recém-adquiridos, derrocadas da vida, a violência nas relações humanas, a busca pelo sublime no cotidiano e o dia a dia de um escritor no Brasil. Nada mais atual, ainda mais para um poeta que também escreve romances. Tal como o chileno Roberto Bolaño, que atacava na prosa e na poesia, Scott deixa a energia da ficção ingressar nos seus versos. Assim, a força narrativa dos poemas permite que os leiamos como se fossem pequenos contos, e se espraia pelos temas tratados - em forma de busca do escritor por uma personalidade genuína e não apenas uma "encenação" para a mídia e as redes sociais -, únicos em nosso panorama. Isso, claro, sem dar as costas para a nossa melhor tradição literária. Ou, como diz com grande pertinência o poeta e tradutor Paulo Henriques Britto: "Neste livro, Paulo Scott deixa bem claro ter plena consciência do que se exige de sua geração, surgida num momento em que, pela primeira vez, após bem mais de meio século, cada poeta tem de construir sua linguagem a partir de um legado diversificado e acachapante, sem as rotas de percurso alternativas que balizaram, para o bem e para o mal, aqueles que os antecederam".